Autoridades dos EUA que se reuniram com Bolsonaro se impõem quarentena
Dois senadores e dois prefeitos se isolam depois de saberem da contaminação do chefe da Secom, Fábio Wajngarter, membro da comitiva brasileira à Flórida
Pelo menos no aspecto do controle do coronavírus entre integrantes de sua própria equipe, o presidente Jair Bolsonaro deixou a desejar em seu périplo pela Flórida entre os últimos dias 7 e 10. Quatro autoridades dos Estados Unidos que se encontraram com o líder brasileiro e sua comitiva anunciaram nesta quinta-feira, 12, terem se submetido a uma autoquarentena como meio de evitar a possível disseminação do micro-organismo causador da Covid-10. Nenhum dos políticos confirmou o contágio. Mas a cautela, como diz o velho ditado, não faz mal a ninguém.
No séquito de Bolsonaro estava Fábio Wajngarten, secretário especial de Comunicação Social da Presidência (Secom), que recebeu resultado positivo para seu exame de contaminação por coronavírus nesta quinta-feira. Além de ter acompanhado Bolsonaro em toda a viagem, Wajngarter aproximou-se fisicamente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e posou em uma foto a seu lado em vários momentos durante o jantar oferecido pelo americano ao brasileiro em seu resort em Mar-a-Lago no sábado 7. A Casa Branca mantém a informação, até o momento, de que Trump não realizou exames.
Os senadores republicanos Lindsey Graham e Rick Scott, ambos entusiastas da aproximação do Brasil de Bolsonaro aos Estados Unidos de Trump e convidados para o jantar em Mar-a-Lago, informaram sobre a opção. Graham submeteu-se ao exame de coronavírus e espera o resultado em isolamento. “Ele não se recorda de ter tido contato direto com o presidente do Brasil, que está aguardando os resultados do teste de coronavírus, nem com seu secretário, que o contraiu”, disse seu gabinete por meio de comunicado. “No entanto, com enorme precaução e diante do conselho de seu médico, o senador Graham decidiu-se pela quarentena enquanto espera os resultados de seu teste.”
O ex-governador da Flórida Rick Scott foi informado sobre o resultado positivo de Fábio Wajngarten pela embaixada do Brasil em Washington. O próprio embaixador, Nestor Forster, aderiu à autoquarentena nesta quinta-feira. “Eu apresentei o presidente do Brasil em uma conferência sobre investimentos em Miami. Sentei-me perto dele (Bolsonaro) depois de ele ter discursado”, afirmou o senador à rádio americana News 6. “Eu não quero impactar ninguém, e, claro, eu não sinto nenhum sintoma agora”, completou.
Os prefeitos de Miami Dade, Carlos Gimenez, e de Miami, Frank Suárez, seguiram os exemplos de Graham e de Scott e se recolheram a suas residências. Ambos estiveram presentes a uma recepção com Bolsonaro e seu séquito no domingo 8, depois de sua visita ao Comando Sul dos Estados Unidos, onde se sentara ao lado do comandante dessas forças, o almirante Craig Faller. “Estou agora me auto-isolando enquanto espero as recomendações do Departamento de Saúde da Flórida sobre a necessidade de fazer exame para coronavírus”, escreveu Giménez em seu perfil no Twitter nesta quinta-feira.
A visita de Bolsonaro à Flórida chegou a ser marcada e desmarcada duas vezes antes de ser confirmada para este início de março – um momento atribulado no Brasil pelos confrontos entre o Palácio do Planalto e o Congresso. A expectativa de celebração de acordos bilaterais – como na área de Defesa e de Ciência e Tecnologia – foi cumprida, assim como a agenda de contatos com empresários e investidores locais. O Brasil é, para a Flórida, seu maior parceiro comercial e teve um papel decisivo para impedir uma crise ainda mais grave no estado americano depois de 2008.