Uma onda de ataques simultâneos no Paquistão, perpetrados por grupos separatistas, atingiu delegacias de polícia, linhas ferroviárias e rodovias na província rebelde do Baluchistão. Após a resposta das forças de segurança, o número de mortos subiu para mais de 60 pessoas, segundo autoridades locais.
A maior operação de grupos rebeldes em anos se insere em um contexto de décadas de lutas pela independência do Baluchistão, maior província do país e rica em recursos. A região no sudoeste paquistanês é lar de grandes projetos liderados pela China, como um porto estratégico e uma mina de ouro e cobre.
“Esses ataques são um plano bem pensado para criar um estado de anarquia no Paquistão”, disse o ministro do Interior, Mohsin Naqvi, em um comunicado, acrescentando que as forças de segurança mataram 12 militantes.
Ataque a rodovia
O exército do Paquistão comunicou que 14 soldados e policiais, bem como um total de 21 militantes, foram mortos em combates após o maior dos ataques, que teve como alvo carros, ônibus e caminhões de carga em uma grande rodovia no distrito de Musakhail.
Autoridades locais disseram que pelo menos 23 pessoas foram mortas no local, e 35 veículos foram incendiados.
Linhas de trem no distrito de Quetta foram paralisadas após explosões em uma ponte ferroviária que liga a capital da província de mesmo nome ao resto do Paquistão, que mataram pelo menos seis pessoas. Também foram registradas explosões em uma ferrovia que conecta o país ao vizinho Irã.
Autoridades paquistanesas informaram que os militantes também atingiram delegacias de polícia e segurança no Baluchistão, matando pelo menos 10 pessoas em um único ataque.
Luta separatista
O grupo militante Exército de Libertação do Baluchistão (ELB) assumiu a autoria dos ataques em uma declaração a jornalistas.
O ELB é o maior de vários grupos insurgentes que lutam contra o governo central há décadas, dizendo que ele explora injustamente os recursos do Baluchistão, como gás e minerais. Seus principais objetivos são a expulsão dos projetos de desenvolvimento chineses do local e a independência da província.
Trabalhadores da província oriental de Punjab costumam ser alvos dos militantes, que os veem como exploradores de seus recursos. No passado, eles também atacaram cidadãos chineses na província.
O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, prometeu que as forças de segurança conduziriam operações de retaliação contra o ELB e levariam os responsáveis pelos ataques à justiça.
O general Li Qiaoming, comandante das Forças Terrestres do Exército de Libertação Popular da China, e o chefe do exército do Paquistão, Asim Munir, se encontraram nesta segunda-feira para discutir “questões de interesse mútuo, segurança regional, treinamento militar e medidas para aumentar ainda mais a cooperação bilateral de defesa”, disse um comunicado.