Assessor de Vini Jr. diz ter sofrido racismo antes de jogo do Brasil
Amistoso contra a Guiné aconteceu na Espanha e foi marcado por campanha antirracista, com jogadores brasileiros usando preto pela primeira vez
O amigo e assessor pessoal de Vinicius Jr., Felipe Silveira, relatou ter sido vítima de racismo no Estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona, na Espanha, onde a seleção brasileira enfrentou a Guiné em um amistoso neste sábado, 17. Segundo a transmissão da Globo, ao passar pela catraca, Felipe, que é negro, foi abordado por um segurança que teria apontado uma banana para ele e dito: “mãos para cima, essa daqui é minha pistola”. Nas imagens gravadas pela emissora, é possível ver um pedaço da fruta no bolso de um funcionário, até então não identificado.
No twitter, o jogador questionou os responsáveis pelas imagens das câmeras de segurança do local, que mostrariam a agressão. “Enquanto eu jogava com a já histórica camisa preta e me emocionava, meu amigo foi humilhado e ironizado na entrada do estádio”, escreveu. “O tratamento foi triste, em todos os momentos duvidaram da cena surreal que aconteceu. Os bastidores são nojentos”, completou antes de pedir as imagens “para deixar tudo público”.
Enquanto eu jogava com a já histórica camisa preta e me emocionava, meu amigo foi humilhado e ironizado na entrada do estádio. O tratamento foi triste, em todos os momentos duvidaram da cena surreal que aconteceu. Os bastidores são nojentos. Mas pra deixar tudo público, pergunto… https://t.co/41RIJIJiuZ
— Vini Jr. (@vinijr) June 17, 2023
O caso aconteceu pouco antes da partida contra a Guiné, que acabou em 4 a 1 para o Brasil, e foi marcada, justamente, pelo combate ao racismo. No primeiro tempo, a seleção brasileira vestiu um uniforme preto pela primeira vez na história, e os jogadores se ajoelharam ou sentaram no gramado em protesto durante o minuto de silêncio.
Antes do apito inicial, os telões exibiram vídeos de conscientização, e músicas de artistas negros foram tocadas no alto-falante. Vini Jr, que foi vítima de racismo repetidas vezes no campeonato espanhol, vestia a camisa 10, de Pelé, e o estádio tinha mensagens como “Racismo é crime” e “Com racismo não tem jogo” espalhadas pelas arquibancadas.
Em uma postagem nas redes sociais, a CBF disse que, ao tomar conhecimento do caso, solicitou à polícia e aos organizadores do jogo que “dessem todo o apoio e amparo a mais uma vítima de racismo.” O texto traz ainda um posicionamento de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF. “O combate ao racismo, um crime que precisa cessar em todo o mundo, é também o motivo pelo qual estamos aqui. O mesmo motivo que levou o presidente da FIFA, Gianni Infantino, a vir de Zurich até aqui. E foi também por isso que a nossa Seleção jogou o primeiro tempo da partida de preto’, escreveu ele.
Depois do jogo, o capitão Casemiro também comentou sobre a ação e reiterou a importância de se opor ao preconceito. “É importante lutar contra o racismo. O Vinícius tem uma voz muito forte e muita gente apoia ele. Mas não só o Vinícius, todo mundo deve lutar contra o racismo”, declarou o jogador.