Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

A ferida do atentado contra israelenses nos Jogos de 1972 segue aberta

Somente agora os familiares dos mortos conseguiram compensação financeira maior do que a oferecida

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h18 - Publicado em 3 set 2022, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Poucas imagens estão tão coladas à segunda metade do século XX quanto a do guerrilheiro do grupo palestino Setembro Negro na sacada de um dos prédios da Vila Olímpica de Munique, em 5 de setembro de 1972. O rosto coberto com uma balaclava virou símbolo daquele terrível episódio e de um tempo, o apogeu da Guerra Fria. Os oito terroristas que invadiram as dependências da delegação de Israel exigiam a libertação de um grupo de prisioneiros a favor de sua causa. Ao final do ataque, morreram onze membros da delegação israelense e um policial da Alemanha Ocidental. Entre os agressores, cinco foram mortos e três capturados. “A chacina é o espelho fulgurante da situação sociopolítica da humanidade de hoje, dos estranhos humores que percorrem um mundo cada vez mais descrente”, anotou a Carta ao Leitor de VEJA daquela semana. Houve condenação unânime ao ataque, evidentemente, mas também à fragilidade do esquema de segurança desenhado pelo governo alemão — e, a partir dali, toda Olimpíada passou a ser tratada como operação de guerra.

    ESFORÇO - O alemão Thomas Bach, presidente do COI: apoio aos familiares -
    ESFORÇO - O alemão Thomas Bach, presidente do COI: apoio aos familiares – (Matthias Balk/Getty Images)

    A invasão do alojamento israelense ecoaria em sucessivos sustos. Dois meses depois, um voo da Lufthansa foi sequestrado por outro grupo palestino, simpatizante do Setembro Negro. A exigência: a soltura dos três dos terroristas presos em Munique. Eles seriam liberados, em concessão das autoridades alemãs, severamente criticadas. Contudo, por ordem da primeira-ministra de Israel, Golda Meir, passaram a ser perseguidos pelo Mossad mundo afora (é o que mostra o filme Munique, de Steven Spielberg, de 2005). Dois deles foram encontrados e assassinados. Um terceiro salvou-se, e morreria apenas em 2010, vivendo escondido na Síria.

    MEMÓRIA - Placa em Israel: homenagem permanente às vítimas do ataque -
    MEMÓRIA - Placa em Israel: homenagem permanente às vítimas do ataque – (Ina Fassbender/AFP)

    Não seria exagero dizer que, exatos cinquenta anos depois, o atentado parece sobreviver. No próximo dia 5, em Munique, haverá uma cerimônia de lembrança daquele triste verão europeu. Há, porém, uma sombra incômoda, como se a ferida não cicatrizasse. Os familiares dos israelenses mortos anunciavam o boicote ao evento. Houve algum apaziguamento com o anúncio, por parte das autoridades da Alemanha, da concessão de 28 milhões de euros a ser divididos entre o grupo. Os valores são baseados em acordos fechados internacionalmente depois dos atentados do 11 de Setembro. O montante proposto anteriormente não chegava à metade da quantia agora acordada com o apoio de um escritório de advocacia sediado na Alemanha. Ilana Romano, cujo marido, levantador de peso, perdeu a vida na Vila Olímpica, revidou com um comentário seco: “Era uma piada”. E completou: “Manteríamos a nossa decisão de não comparecer ao que se preparava em Berlim, como homenagem, a não ser que mudassem de ideia”.

    Continua após a publicidade

    O atentado foi sempre uma pedra no sapato do Comitê Olímpico Internacional, que sucessivas vezes louvou as vítimas, sobretudo desde que o alemão Thomas Bach assumiu o comando da entidade. No entanto, dada a dimensão do que houve, há pressão para movimentos mais decisivos. Um porta-voz do Ministério do Interior de Berlim anunciou “estarem se esforçando para reavaliar esse capítulo sombrio na história compartilhada de Alemanha e Israel”. Anne Spitzer, que também perdeu o marido em 1972, admite o bom passo, ao aceitarem o nó diplomático. Mas reafirma: “A responsabilidade vem com um preço”. Mesmo depois de cinco décadas, tudo indica não haver um fim pacífico para o horror imposto em Munique.

    Publicado em VEJA de 7 de setembro de 2022, edição nº 2805

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.