ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Uma reflexão necessária

Avançar na agenda de investimentos é essencial para o país

Por John Rodgerson
20 dez 2024, 06h00

O setor aéreo brasileiro vem há algum tempo atravessando grandes dificuldades, o que torna necessário um debate mais aprofundado sobre o futuro da aviação no Brasil. Estou no ramo há vinte anos. No Brasil, há dezesseis anos, a mesma idade da Azul. Quando cheguei por aqui, o cenário macroeconômico era diferente, com o dólar valendo distante 1,58 real. De lá para cá, o dólar ultrapassou os 6 reais e o contexto econômico do Brasil se tornou ainda mais desafiador: o setor aéreo está no epicentro de uma tempestade perfeita composta de uma série de fatores críticos.

A alta do dólar tem um impacto direto sobre os custos operacionais, especialmente o querosene de aviação, que representa mais de 40% dos valores. Além disso, o custo Brasil, que abrange a complexidade tributária e regulatória, e ainda a crise global na cadeia de suprimentos, que atrasa a entrega de aeronaves e prolonga o tempo de parada dos aviões para manutenção, potencializam ainda mais os desafios. O serviço aéreo sofre ainda com questões para além da economia: a judicialização predatória faz com que 98% dos processos contra companhias aéreas no mundo inteiro aconteçam no Brasil. Em países desenvolvidos, há o entendimento de que fatores externos que prejudicam as operações, como condições climáticas adversas, não podem ser combustível para a judicialização excessiva.

“O setor aéreo está no epicentro de uma tempestade perfeita”

Apesar de ser vital para o país, pois emprega dezenas de milhares de pessoas e contribui significativamente para o PIB, o setor sempre careceu de atenção maior do governo. Ao contrário de regiões como os Estados Unidos e a Europa, que ofereceram subsídios diretos para apoiar suas indústrias aéreas durante a pandemia (a fundo perdido), o Brasil não teve suporte semelhante. Isso colocou as aéreas do país em uma posição vulnerável, sem recursos para mitigar os impactos adversos da crise global.

Só mais recentemente, em um reconhecimento inédito por parte do governo federal, foi aprovada a Lei Geral do Turismo, que disponibiliza o Fundo Nacional da Aviação Civil para financiar companhias aéreas que operam voos regulares no país. O financiamento não deve ser visto como ajuda, mas como um acesso a recursos que são essenciais para enfrentar a crise do setor. Será possível manter e expandir operações e financiar aeronaves brasileiras da Embraer, fomentando a indústria nacional.

Continua após a publicidade

O governo tem papel crucial na modernização e expansão do setor aéreo. Avançar na agenda de investimentos e promover adequações tributárias e regulatórias, em conformidade com práticas internacionais, são passos essenciais para garantir que a aviação nacional não apenas sobreviva, mas também prospere, deixando no passado o histórico sombrio das antigas companhias que sucumbiram. A aviação brasileira precisa decolar de vez, e isso exige, de todos os entes, uma abordagem focada em soluções e ações com impactos duradouros, para o futuro de uma nação que há dezesseis anos tenho orgulho de falar que é meu país.

John Rodgerson é presidente da Azul Linhas Aéreas

Os textos dos colunistas não refletem necessariamente as opiniões de VEJA NEGÓCIOS

Publicado em VEJA, dezembro de 2024, edição VEJA Negócios nº 9

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$35,88, equivalente a R$ 2,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.