Trump, seca e greve causam congestionamentos nos portos da Europa
Demora em portos do continente ultrapassa três dias, o que pode impactar os custos de transporte e o suprimento de cadeias de produção
Os portos europeus enfrentam um cenário que parece um filme repetido: filas de navios se acumulam, lembrando o caos logístico registrado no início da pandemia de Covid-19. O congestionamento atual é resultado de uma combinação de fatores, que vão desde os efeitos da política comercial do governo Trump e passa pelos baixos níveis dos rios e a paralisação dos trabalhadores portuários. O temor é que esse caos passe a afetar as cadeias de abastecimento.
Nos portos de Roterdã (Holanda), Antuérpia (Bélgica) e Hamburgo (Alemanha), o desembarque dos navios passou de poucas horas para dias (66 a 77 horas – o equivalente a mais de três dias). Se o congestionamento continuar, os atrasos podem prejudicar distribuição de suprimentos para diferentes cadeias de produção.
Em relatório, analistas da consultoria Lloyd’s List Intelligence atribuem o congestionamento na Europa a quatro fatores: maior demanda por serviços de transporte; reestruturação das alianças de empresas de transporte marítimo; condições hidrológicas; e greves nos setores público e privado.
“A interrupção pode persistir até pelo menos o final da alta temporada, ou seja, agosto de 2025, a menos que a situação (de fluxo) se estabilize nos portos asiáticos”, segundo o documento.
Desde o anúncio das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, houve um aumento do fluxo entre Ásia e Europa. O grupo alemão de logística DHL, por exemplo, estima que os volumes de contêineres da Ásia para a Europa aumentaram cerca de 7% em relação ao ano anterior, segundo reportagem do jornal britânico Financial Times.
“Se observarmos os níveis de crescimento nos diferentes segmentos, não há dúvida de que estamos vendo a Europa absorver uma fatia significativa do mercado que historicamente seria destinada ao mercado americano”, explicou ao jornal Casper Ellerbaek, executivo sênior da DHL da Alemanha.
Já do ponto de vista do setor, houve um rompimento da aliança entre a Maersk e a MSC, e uma greve de trabalhadores na Bélgica que também contribuiu para aumentar o tempo dos serviços portuários. Por último, a seca reduziu o volume de alguns rios, como o Reno, o que dificulta a passagem dos navios.
Não há uma solução de curto prazo. Os analistas veem como grande a chance desses atrasos afetarem de diferentes formas as cadeias produtivas. Além dos atrasos, há um maior custo no manuseio dessas cargas, o que pode encarecer os custos dos fretes, que tendem a ser repassados para o varejo e a indústria.
Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado:







