Trabalhar mais e ganhar menos por hora: a matemática cruel do trabalho por aplicativo
Número de trabalhadores por aplicativo cresce 25% em dois anos chega à marca de 1,7 milhão de pessoas, segundo dados do IBGE
O número de brasileiros que vivem do trabalho por meio dos aplicativos de transporte, entrega e serviços chegou a 1,7 milhão em 2024, segundo o IBGE.
O crescimento é de 25,4% em dois anos e o número é o equivalente a 1,9% da população ocupada no setor privado. Embora ganhem 4,2% mais por mês que os demais trabalhadores 2.996 reais contra 2.875 reais, o rendimento por hora é 8,3% menor: 15,40 reais contra 16,80 reais.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE fazem parte do módulo Trabalho por meio de plataformas digitais 2024, da PNAD Contínua. Essa pesquisa experimental é fruto de um convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT).
O estudo mostra que motoristas e entregadores e prestadores de serviço que trabalham para estas plataformas cumprem uma jornada, em média, 5 horas mais longa por semana. São 44,8 horas, contra 39,3 dos demais. Homens entre 25 e 39 anos são quase metade desse grupo, que é formado por 80% de homens e 86% de autônomos.
Mais da metade dos brasileiros que vivem de aplicativos, 58%, o equivalente a 964 mil pessoas, trabalha com transporte de passageiros, seja por meio de táxi ou de apps como Uber e 99. A maioria está no transporte particular (53%) e uma fatia menor (14%) atua em plataformas voltadas a taxistas.
Na sequência vêm os entregadores, que somam 29% dos trabalhadores via plataformas digitais (485 mil pessoas), e os que prestam serviços gerais ou profissionais, como manutenção, estética e design, que representam 18% (294 mil).
Embora ainda sejam minoria, os trabalhadores de apps de serviços foram os que mais cresceram entre 2022 e 2024 , uma alta de 52% no período. Em números absolutos, porém, o maior salto veio do transporte de passageiros, que ganhou quase 200 mil novos motoristas, passando de 680 mil para 878 mil.
Muito além de dirigir e fazer entregas: tendência é de diversificação do trabalho
O grupo dos profissionais das ciências e intelectuais, que abrange diversas ocupações, como profissionais da área de TI, designers gráficos, arquitetos, tradutores, médicos, dentre outras, ainda que represente uma pequena parcela dos trabalhadores plataformizados, foi o que mais expandiu a sua participação entre esses trabalhadores (aumento de 1,5 p.p. em relação a 2022).
“Esse crescimento pode sinalizar maior diversificação de ocupações exercidas e de serviços prestados por meio de plataformas digitais, o que é corroborado pelo fato de que as plataformas de serviços gerais ou profissionais foram as que mais expandiram no período, apesar de ainda responderem por menos de um quinto dos trabalhadores plataformizados”, diz Gustavo Geaquinto, analista da pesquisa.
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