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Superada a denúncia, governo Temer acelera agenda econômica

Palácio do Planalto vai buscar interlocução com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para destravar projetos; reforma da Previdência segue como prioridade

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 4 jun 2024, 21h00 - Publicado em 26 out 2017, 08h01

Antes mesmo de ser encerrada a votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), rejeitada pelos deputados por 251 a 233 votos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já havia tomado as rédeas das negociações para a retomada das votações dos projetos econômicos do governo. Maia chamou para uma reunião em sua casa o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, para definir as prioridades da agenda após a votação da denúncia.

Depois de ter esticado a corda na relação com Maia, o Palácio do Planalto busca agora deixar nas mãos do deputado a condução da retomada das discussões sobre a reforma da Previdência, paralisada há mais de cinco meses. A estratégia do governo é não bater de frente com o presidente da Câmara para tentar destravar a votação dos projetos.

Paralelamente, a equipe econômica começa a rediscutir medidas de estímulo à economia. Duas já estão em ritmo acelerado: a liberação, no primeiro trimestre de 2018, de uma nova rodada de saques do PIS/PASEP, e a privatização da Eletrobras.

A prioridade do governo continua sendo a reforma da Previdência, mesmo que enxuta. O Palácio do Planalto tem de acertar também o envio até o dia 30 deste mês do pacote de medidas de ajuste fiscal para reforçar as receitas do Orçamento de 2018. Sem essas medidas, a situação das contas públicas no ano que vem ficará mais difícil.

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Maia e a equipe econômica vão fechar um novo calendário. A partir daí, serão retomadas as negociações com parlamentares, segundo fontes do governo. Michel Temer sancionou – na véspera da votação e com menos vetos do que os recomendados pela Fazenda – a MP do refinanciamento das dívidas tributárias (Refis) para atender parlamentares. Ontem, o deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG) disse, pelo Twitter, que o governo vai editar na segunda-feira outra MP prorrogando o prazo de adesão ao programa para o dia 14 de novembro.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), inicialmente contrário à extensão do prazo – mais uma concessão aos parlamentares – indicou que deve concordar. “Pode ser prorrogado, mas existem algumas questões que têm de ser definidas”, afirmou, após participar de evento em Brasília. A adesão terminaria no próximo dia 31.

Segundo o ministro, cálculos indicam que a arrecadação do programa neste ano ficará em sete bilhões de reais. A última previsão oficial era de 8,6 bilhões. Meirelles ressaltou que a arrecadação de impostos está crescendo, o que poderá compensar a diferença.

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Desbloqueio

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que um novo desbloqueio do Orçamento dará um horizonte mais favorável. “A Câmara vai se reunir para fazer uma proposta de votação de temas que estão lá e o Senado também”, disse Jucá. Para ele, o Senado avançou nas votações ao aprovar, nas duas últimas sessões, os projetos de leniência e do cadastro positivo.

Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência, esteve ontem com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB). A intenção do governo é que Oliveira Maia retome a interlocução com Rodrigo Maia e com as bancadas. Após as delações dos executivos da JBS, as negociações ficaram completamente paralisadas.

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A área econômica oficialmente vai insistir na versão mais ampla da reforma, mas nos bastidores já reconhece que o mais provável é uma proposta que reúna apenas fixação de idade mínima, maior tempo de contribuição e a instituição de uma regra de transição para quem já está hoje no mercado de trabalho. Ontem à noite, Rodrigo Maia defendeu uma reforma mais ‘enxuta’. “Misturam-se muitos temas e, quando se mistura, acaba somando adversários”, disse.

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