ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Sexta sangrenta: Guerra comercial derruba mercados globais e dólar vai para R$ 5,80

Bolsas globais cedem com previsões de uma recessão sincronizada; moeda americana sobe mais de 3% com movimento de proteção e payroll forte

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 abr 2025, 12h11 - Publicado em 4 abr 2025, 11h42

Os mercados globais enfrentam uma sexta-feira de forte aversão ao risco, com quedas generalizadas nos principais índices acionários e uma disparada do dólar. A causa da turbulência: a escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China, impulsionada pelo mais recente movimento de retaliação de Pequim. O governo de Xi Jinping anunciou que, a partir de 10 de abril, imporá tarifas adicionais de 34% sobre todas as mercadorias americanas, em resposta à taxação imposta pelo presidente Donald Trump.

As bolsas asiáticas fecharam no vermelho. Em Nova York, os índices futuros despencam mais de 2%, refletindo o aumento da incerteza, enquanto na Europa as bolsas operam com quedas próximas a 5%. O Ibovespa, principal índice da B3, recuava próximo de 4% no meio do dia, caindo para 126,6 mil pontos. O chamado “termômetro do medo” de Wall Street, o índice VIX, registra um salto de 23%, indicando um crescimento na volatilidade e na aversão ao risco entre investidores.

O temor que domina os mercados vai além da relação bilateral entre Washington e Pequim. Analistas alertam para o risco de uma guerra comercial em escala global, caso outros países sigam o exemplo da China e imponham sanções contra os EUA. O Fundo Monetário Internacional (FMI) classificou o atual cenário como uma “ameaça significativa” para a economia mundial, alertando que as tensões podem desacelerar o crescimento e desencadear uma recessão sincronizada. O JPMorgan revisou suas projeções e agora estima que a chance de uma recessão global nos próximos 12 meses subiu de 40% para 60%.

Enquanto o mundo se preocupa com uma recessão global desencadeada pela guerra comercial, os dados de emprego nos EUA mostram que a economia do país, apesar da alta dos juros e do protecionismo de Trump, ainda registra um mercado de trabalho resiliente. A dúvida, porém, é por quanto tempo esse mercado vai resistir diante às políticas de Trump. O payroll de março, o relatório de emprego mais aguardado, mostrou a criação de 228 mil empregos, um número muito acima da expectativa de 137 mil postos. Embora o mercado de trabalho aquecido afaste, por ora, o risco iminente de recessão, ele também reforça preocupações inflacionárias e a possibilidade de que o banco central americano, o Federal Reserve (Fed) mantenha uma política monetária rígida por mais tempo do que o previsto.

Essa combinação de fatores intensificou a valorização do dólar, que avançava 3%, e era negociado a R$ 5,80 ao meio dia, em um movimento clássico de “flight to quality” – quando investidores migram para ativos considerados mais seguros em tempos de incerteza. Na véspera, a moeda americana havia alcançado seu menor valor no ano, R$ 5,62, mas a escalada da guerra comercial reacendeu temores de um choque econômico global, enquanto os EUA – por ora – mantêm a resiliência no mercado de trabalho.

Continua após a publicidade

No Brasil, a pressão cambial e o risco de contágio da turbulência externa devem colocar em xeque as expectativas de cortes na taxa Selic. Nos EUA, o Fed pode enfrentar um dilema ainda maior: combater a inflação persistente ou responder à volatilidade e ao risco de recessão com medidas mais brandas.

Se há uma certeza, é que os investidores entrarão no final de semana com mais perguntas do que respostas. O pêndulo da incerteza voltou a oscilar violentamente nos mercados financeiros – e a guerra comercial de Trump pode ser apenas o começo de um período prolongado de turbulência econômica global.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.