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Serviços e dólar pressionam e devem piorar inflação ainda mais em 2025

Prévia da inflação de dezembro acumulou 4,7% em 12 meses e, para o ano que vem, analistas estimam que indicador deve rodar acima de 5%

Por Juliana Elias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 dez 2024, 15h18 - Publicado em 27 dez 2024, 11h38

O resultado da prévia da inflação para dezembro, divulgado nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio ligeiramente abaixo do esperado pelos economistas para o mês. Este, entretanto, é um detalhe que pouco alívio trouxe à análise do quadro mais amplo, que ainda é de preços apertados, pressionados tanto pela demanda aquecida quanto pelo dólar alto, e que pode ficar ainda pior em 2025. Pelas projeções atualizadas, as expectativas são de que a inflação passe 2025 rodando a 5% e, com isso, forçando os juros a subir até os 15%.

O IPCA-15 subiu 0,34% em dezembro, uma desaceleração em relação ao mês anterior, quando avançou 0,62%. Em 12 meses, o índice acumulado fecha o ano em 4,71%, acima do teto da meta de inflação definido para este ano, que é de até 4,5%.

“Apesar de o IPCA-15 de dezembro ter ficado abaixo da nossa previsão, a composição do indicador veio pior do que o esperado”, diz a economista do C6 Bank Claudia Moreno, mencionando a inflação dos serviços, que está mais diretamente atrelada ao consumo aquecido e, em 12 meses, acumula 5,7%. “Não vemos uma desaceleração da inflação de serviços, que deve continuar pressionada pelo mercado de trabalho aquecido, e os dados divulgados hoje reforçam nossa visão de que a Selic chegará a 15% em junho de 2025, patamar que deve ser mantido até o final de 2026.” A projeção do banco é que a Índice de Preços ao Consumidor Amplo encerre o próximo ano em 5,3%.

As projeções são similares à da equipe de análise do PicPay, que estima o IPCA encerrando 2025 em 5,2%. “Os núcleos vieram relativamente pressionados, reforçando sinais claros de deterioração nas leituras mais recentes”, diz Igor Cadilhac, economista da fintech de pagamentos. Ele destaca que pode haver surpresas ao longo do ano que ajudem os preços a baixar e, portanto, aliviem também as perspectivas para os juros e para a economia, caso de “uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e de um combate à inflação de forma sincronizada globalmente”, diz. Por outro lado, a inflação de serviços ainda alta aqui dentro, a piora das expectativas dos investidores por conta dos riscos fiscais e também a alta do dólar continuam tornando o cenário difícil.

André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas, explica que, caso o dólar não dê um alívio no ano que vem — o que depende de uma reação do governo, com novas medidas que aplaquem a crise de confiança com relação à situação fiscal do país — ficará mais difícil controlar a inflação.

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Divulgado também nesta quinta-feira, o IGP-M, índice da FGV que verifica tanto os preços ao consumidor quanto no atacado, subiu 0,94% em dezembro e encerra o ano em alta de 6,54% — em 2023, esta alta havia sido de 3,18%. O IGP-M é também o índice mais amplamente usado para reajustar diversos contratos, como os de aluguel, o que significa que inquilinos que tenham contrato completando um ano agora deverão ter um reajuste de 6,54%.

O IGP-M acompanha o preço de diversas commodities, como grãos, metais e produtos industriais, e acabou muito influenciado neste ano por safras ruins, intensificadas pelo aumento do dólar, já que muitos desses produtos são negociados em dólar no mercado internacional. “A nossa agricultura deve ir bem no ano que vem e com uma safra robusta, e com safra maior, o preço cai. Mas só vamos colher esse benefício se a moeda ajudar”, disse.

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