Queda de 0,5 ponto na Selic deve ter pouco impacto para o consumidor
Segundo a Anefac, redução de 6,5% para 6% ao ano na taxa básica de juros da economia trará diferença mínima em financiamentos e empréstimos
O primeiro corte na taxa básica de juros da economia em 16 meses, anunciado nesta quarta-feira, 31, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) pouco vai impactar na vida do consumidor, segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). “Isso ocorre porque existe um deslocamento grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores”, afirmou Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da associação e responsável pelo estudo.
Segundo Oliveira, as taxas de juros para pessoa física estão, na média, em 117,88% ao ano. A variação é de mais de 1.700% se comparada com a Selic. Apesar do impacto pequeno, operações de crédito devem ficar mais baratas para o consumidor. Os juros do cheque especial ficarão 0,58% mais baixos, caindo dos atuais 280,92% ao ano para 279,29% ao ano. Isso significa que um consumidor que usar 1.000 reais de limite de cheque especial por 20 dias, pagará R$ 0,27 a menos com a nova taxa básica de juros.
O impacto modesto pode ser visualizado em operações de crédito mais longas e mais caras, como o financiamento de um carro. Ao financiar um veículo de 40.000 reais em cinco anos e sem entrada, o valor médio da parcela é de 1.042,03. Com a Selic a 6% ao ano, essa parcela cai para 1.031,47 reais. Ao final dos cinco anos, o consumidor pagará 633,59 reais a menos com a nova taxa básica em vigor, queda de 1% no valor total.
No caso de uma geladeira de 1.500 reais, parcelada em 12 vezes no comércio, a Selic mais baixa deixará o financiamento 4,58 reais mais barato ao final do carnê, ou 0,22% mais em conta.
Investimentos
A queda na taxa básica de juros continua a deixar a poupança em vantagem aos fundos de renda fixa, assim como já acontecia com a Selic a 6,5%. Segundo Oliveira, isso acontece porque a poupança tem rentabilidade garantida por lei e não sofre qualquer tributação, diferentemente dos fundos de renda fixa que pagam Imposto de Renda sobre seus rendimentos, sendo maior a tributação quanto menor for o prazo de resgate, além da taxa de administração.
“A caderneta de poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano”, afirmou o executivo. Ao investir 10.000 reais por um ano, o consumidor terá rendimento acumulado de 420 reais (4,20% ao ano) na poupança nova (a partir de 2012), de 617 reais na poupança antiga (6,17% ao ano) e de 378 reais em um fundo de investimentos com taxa de 2% ao ano, segundo simulações da Anefac.