Queda da Selic de 5,5% para 5% traz pouco alívio ao bolso do consumidor
Redução de meio ponto percentual anunciada nesta quarta-feira tem impacto mínimo em operações de crédito como financiamentos e cheque especial
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu cortar de 5,5% para 5% ao ano a taxa básica de juros da economia, a Selic, que rege a política monetária do país. A Selic mais baixa, porém, não significa alívio significativo para o consumidor em financiamentos. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o impacto deve ser pequeno no bolso do consumidor.
Isso acontece porque existe um deslocamento grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores, de acordo com Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da associação e responsável pelo estudo. Na média, com o corte da Selic, os juros para pessoa física caíram de 115,60% ao ano para 114,64% ao ano. “Provocando uma variação de mais de 2.000% entre a Selic e a taxa do consumidor”, afirmou.
Apesar do impacto pequeno, as operações de crédito devem ficar ligeiramente mais baratas para o consumidor. Os juros do cheque especial ficarão 0,58% mais baixos, caindo dos atuais 275,24% ao ano para 273,63% ao ano. Isso significa que, um consumidor que usar 1.000 reais de limite de cheque especial por 20 dias, pagará 0,27 centavos de reais a menos com a nova taxa básica de juros.
O impacto modesto pode ser melhor visto em operações de crédito mais longas e mais caras, como o financiamento de um carro. Ao financiar um veículo de 40.000 reais em cinco anos e sem entrada, o valor médio da parcela é de 1.023,59 reais. Com a Selic a 5% ao ano, essa parcela cai para 1.013,13 reais. Ao final dos cinco anos, o consumidor pagará 627,55 reais a menos com a nova taxa básica em vigor, queda de 1% no valor total.
No caso de uma geladeira de 1.500 reais, parcelada em 12 vezes no comércio, a Selic mais baixa deixará o financiamento 4,57 reais mais barato ao final do carnê, ou 0,22% mais em conta.
Investimentos
A queda na taxa básica de juros continua a deixar a poupança em vantagem aos fundos de renda fixa, assim como já acontecia com a Selic a 5,5%. Segundo Oliveira, isso acontece porque a poupança tem rentabilidade garantida por lei e não sofre qualquer tributação, diferentemente dos fundos de renda fixa que pagam Imposto de Renda sobre seus rendimentos, sendo maior a tributação quanto menor for o prazo de resgate, além da taxa de administração.
“A caderneta de poupança vai continuar sendo opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano”, afirmou o executivo. Ao investir 10.000 reais por um ano, o consumidor terá rendimento acumulado de 350 reais (3,5% ao ano) na poupança nova (a partir de 2012), de 617 reais na poupança antiga (6,17% ao ano). Já em um fundo de renda fixa com taxa de 2%, o rendimento será de 317 reais no mesmo período.