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Quatro conselheiros pedem para não serem reconduzidos na Petrobras

Pelo menos um deles, Omar Carneiro da Cunha, alega que governo não seguiu práticas de boa gestão ao promover a mudança do comando da estatal

Por Josette Goulart Atualizado em 2 mar 2021, 22h54 - Publicado em 2 mar 2021, 22h50

Quatro conselheiros da Petrobras informaram à companhia que não pretendem serem reconduzidos ao Conselho de Administração da empresa na próxima assembleia de acionistas. Isso significa que a avaliação sobre o nome indicado por Bolsonaro para o cargo de presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, será feita por um conselho completamente diferente do que a empresa tem hoje. Contando Roberto Castello Branco, que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, ao todo 5 dos 11 conselheiros vão mudar. A forma como o presidente Bolsonaro propôs a mudança na direção da empresa incomodou especialmente o conselheiro Omar Carneiro da Cunha que, em carta à empresa, disse que embora amparado nos preceitos societários, “a mudança proposta pelo acionista majoritário não coaduna com as melhores práticas de gestão, nas quais procuro guiar minha trajetória empresarial”.

De acordo com fato relevante da estatal enviado ao mercado na noite desta terça-feira, os conselheiros João Cox Neto e Nivio Ziviani dizem que não podem aceitar o convite para a recondução por questões pessoais e o conselheiro Paulo Cesar de Souza e Silva que, em função do fato de que seu mandato foi interrompido inesperadamente, pede que ele não seja reconduzido. Com a determinação de Roberto Castello Branco saísse do conselho, todos os outros conselheiros precisam novamente ser reconduzidos. O Ministério de Minas e Energia havia proposto a recondução de todos os outros conselheiros, mas, como agora quatro não aceitaram, o governo precisa indicar novos nomes e acabará atrasando o processo para que Luna seja aprovado. A assembleia geral extraordinária precisa de uma convocação de no mínimo 30 dias para acontecer.

O ministro da economia Paulo Guedes, depois de um silêncio de mais de dez dias sobre o assunto disse nesta terça-feira, em entrevista à rádio Jovem Pan, que a troca de comando na estatal teve um “efeito econômico ruim”, mas que politicamente era compreensível. As ações da Petrobras se desvalorizaram 25% em dois dias e não se recuperaram até agora. “A minha visão sobre estatais é conhecida. Agora, eu tenho que respeitar o Presidente da República, ele diz ‘é isto aqui que eu quero agora’, ele tem o direito”, disse o ministro. Ele também informou que a intenção de Bolsonaro era atender aos desejos dos caminhoneiros, já que a alta no preço dos combustíveis teria causado uma péssima reação. Os caminhoneiros, no entanto, não se mostram tão afoitos por uma nova greve. “O ônus e o bônus estão caindo na própria presidência. Já que a estatal continua estatal, o povo vai sempre cobrar do governo uma atitude em relação ao preço de um produto que você tem a presença do Estado na exploração, no refino e na distribuição, mesmo que ela repita práticas internacionais”, disse Guedes.

Os preços dos combustíveis tiveram cinco reajustes neste ano e, em média, subiram 40%. A forte alta levou o presidente Jair Bolsonaro a decretar a isenção de impostos como PIS/Cofins do óleo diesel e da gasolina. Para compensar a perda de 3,6 bilhões de reais em arrecadação com estes impostos, o governo determinou por meio de medida provisória um aumento da alíquota de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido para os bancos e o fim do regime especial da indústria química, gerando fortes efeitos sobre esses dois setores. Somente a Braskem, uma das empresas do setor químico vai responder sozinha por 25% deste rateio.

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