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Private equity despenca, mas queda de juros deve ajudar na retomada

Em 10 anos, número de escritórios de investimento privado caiu de 54 para 29

Por Pedro Gil Atualizado em 2 ago 2023, 12h56 - Publicado em 2 ago 2023, 12h22

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia no início da noite desta quarta-feira, 2, a decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic. Há uma alta expectativa do mercado financeiro, do setor produtivo e do governo pela primeira redução em três anos.  A decisão deve impactar em cheio o mercado de capitais, que precisa de uma taxa de juros menor para que investimentos mais arriscados tornem-se mais atrativos.

Para se ter uma ideia, entre 2012 e 2022, o número de escritórios de private equity — capital privado — despencou no país, fruto de uma economia cada vez menos pulsante, ao sair de 54 para 29. O crescimento do private equity até o início da década passada foi motivado pelo boom das commodities, aumento no consumo, expansão do crédito e aumento do poder de compra da classe média. O sucesso da tese levou a criação de novos escritórios e maior competição, o que naturalmente deveria impactar o retorno das próximas safras de investimento. Não foi o que aconteceu. O declínio está ligado com a instabilidade econômica, desvalorização do real, diminuição do apetite de estrangeiros e fundos de pensão, aumento da concorrência por capital de outras teses e investimentos em setores de consumo.

“O investidor estrangeiro foi afetado com a desvalorização cambial que diminuiu o seu retorno. Enquanto isso, o private equity nos EUA e outros emergentes aproveitaram uma década favorável com juros baixos e mercado de capitais forte que potencializou os ganhos. Assim, a relação risco/retorno deixou de fazer sentido e este tipo de investidor passou a alocar menos capital por aqui”, explica Renato Abissamra, sócio da Spectra Investments.

Apesar disso, o setor deve voltar a crescer no Brasil, com a estabilização do cenário econômico e político e a queda de juros. Teses de investimento ligadas ao consumo, que tiveram ótimo desempenho nos anos 2000 com o bom momento econômico e aumento da classe média, sofreram nos últimos dez anos com o baixo crescimento, estagnação do poder de compra da população e aumento do endividamento das famílias. “A diminuição do número de escritórios e a menor concorrência devem ser catalisadores para uma década com retornos maiores”, completa Abissamra.

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