Preso, Carlos Ghosn é alvo de nova denúncia da promotoria de Tóquio
Ex-CEO da Nissan e Renault, que está preso pela segunda vez, é acusado por abuso de confiança por causa de desvios feitos em fundos da montadora japonesa
O executivo Carlos Ghosn, ex-CEO da Nissan e da Renault, foi denunciado novamente nesta segunda-feira, 22, no Japão. Dessa vez, a promotoria o acusou de abuso de confiança com agravante por causa de desvio nos fundos da Nissan. Esta é a quarta acusação contra Ghosn.
Após sua nova detenção em 4 de abril em sua casa em Tóquio, apenas um mês depois deixar a prisão, a defesa de Ghosn, 65 anos, que tem cidadania francesa, libanesa e brasileira, fez um pedido para que o executivo seja solto, sob o pagamento de fiança. Ele foi preso pela primeira vez em 19 de novembro.
De acordo com os promotores, 5 milhões de dólares (aproximadamente 19,6 milhões de reais) destes fundos foram usados para o enriquecimento pessoal. Em um comunicado, a Nissan anunciou que apresentaria uma demanda judicial para “reclamar sanções com uma severidade correspondente a uma falha inaceitável”.
O dinheiro teria sido transferido por meio de uma empresa no Líbano a um fundo nos Estados Unidos controlado por Anthony, filho de Ghosn. Parte do dinheiro também teria sido utilizado na compra do “Schachou” (patrão em japonês), um iate luxuoso avaliado em 12 milhões de euros.
Um comunicado divulgado pelo MP de Tóquio que as transferências “tinham o objetivo de beneficiar a si mesmo com parte do dinheiro”. Shin Kukimoto, funcionário do Ministério Público, afirmou à imprensa que o indiciamento é resultado de “provas suficientes para um veredicto de culpa”.
A esposa de Carlos Ghosn foi interrogada pela justiça japonesa na qualidade de executiva da empresa “Beauty Yachts”, registrada nas Ilhas Virgens britânicas, que realizou a operação. Nas últimas semanas, Carole Ghosn deu entrevistas para defender o marido e fez apelos a diversos políticos, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron e o americano Donald Trump.
Problemas com a Justiça
O executivo, que comandava a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, foi indiciado duas vezes por não declarar todos os rendimentos entre 2010 e 2018 nos documentos que a Nissan entregou às autoridades financeiras japonesas.
Também foi acusado por abuso de confiança, com a denúncia, entre outras coisas, de tentativa de fazer a Nissan compensar as perdas em seus investimentos pessoais durante a crise financeira de 2008.
Em 6 de março, Ghosn foi libertado depois de passar 108 dias em um centro de detenção depois de pagar fiança de um bilhão de ienes ( cerca de 35,1 milhões de reais). No início do mês foi levado para a mesma prisão.
Ele havia sido colocado em prisão domiciliar, porque o tribunal descartou o risco de fuga e de destruição de provas. Uma situação que, segundo os advogados, não mudou e poderia justificar uma nova libertação, à espera do julgamento, dentro de vários meses.
(Com AFP)