Presidente turco apela para cidadãos tirarem `dólar e euro do travesseiro’
A lira, moeda da Turquia, enfrenta ataque especutivo, acentuado nesta semana depois do anúncio dos EUA de aumento de tarifas de importação ao aço e alumínio
O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, insistiu novamente neste sábado (11) que os cidadãos turcos vendam seus dólares e euros como forma de apoiarem a moeda nacional, a lira. Em discurso na cidade de Unye, o líder recém-reeleito criticou os Estados Unidos por dobrarem as tarifas de importação de aço e alumínio do país para pressionar Ancara a libertar o pastor americano Andrew Brunson.
Esta semana termina com um ataque especulativo contra a lira turca, que já perdeu um terço de seu valor ao longo deste ano. O ataque provocou impactos em economias emergentes. No Brasil, contribuiu para o fechamento do dólar a 3,86 reais e para a queda de 2,86% nos negócios fechados na Bolsa de Valores de São Paulo.
“Se você tem dólares embaixo do seu travesseiro, tire eles de lá. Se você tem euros, tire de lá (…) Imediatamente dê eles aos bancos e faça a conversão para a lira turca. Ao fazerem isso, nós lutamos essa guerra de independência pelo futuro. Pois essa é a língua que eles entendem”, disse.
Em discurso, Erdogan afirmou ser lamentável o governo americano apoiar Brunson, sob julgamento na Turquia sob acusações de terrorismo, uma vez que a Turquia é parceira estratégica dos Estados Unidos na Organização do Tratado do AtlIantico Norte (Otan). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exige a libertação do pastor.
“Você não pode fazer esta nação aceitar o que você quer, falando a língua da ameaça”, disse Erdogan a seus apoiadores. “Eu estou mais uma vez falando com aqueles na América: é uma pena que vocês escolham um pastor em vez do seu parceiro estratégico da Otan.”
Depois de quase 20 meses em uma prisão turca, Brunson foi transferido para regime domiciliar em julho por um tribunal local. Desde então, Trump e o vice-presidente, Mike Pence, têm repetidamente exigido a libertação do evangélico enquanto Ancara diz que a decisão cabe à Justiça do país.
Como meios de pressão, Washington sancionou dois ministros turcos e, na sexta-feira, anunciou que vai dobrar tarifas sobre importação de aço e alumínio da Turquia, dizendo que as relações com Ancara “não estavam boas no momento”.
A debilitada da lira turca deve-se às preocupações sobre o controle de Erdogan sobre a economia. Na sexta-feira, chegou a seu valor histórico mínimo e chegou a perder 18% de seu valor ao longo do dia.
Uma reunião sobre a nova abordagem econômica pelo ministro das Finanças da Turquia, Berat Albayrak, genro de Erdogan, pouco contribuiu para impedir a queda livre da lira. Investidores buscavam passos concretos, como uma alta na taxa de juros básica do país, para restaurar a confiança. O presidente rurco, entretanto, se opõe à medida.
“As taxas de juros deveriam se manter no mínimo, porque são uma ferramenta de exploração que empobrece os pobres e enriquece os ricos”, disse.
Importante mercado emergente, a Turquia faz fronteira com o Irã, Iraque, e a Síria, e é majoritariamente pró-ocidente há décadas. Os distúrbios financeiros arriscam desestabilizar ainda mais uma região já volátil.
Erdogan trata o último episódio sobre sua moeda corrente como uma guerra. Sem nomear países específicos, disse também que os apoiadores de um golpe militar fracassado, há dois anos, estariam atacando a Turquia de novas maneiras desde sua reeleição, há dois meses. Ancara alega que o golpe foi organizado por um clérigo muçulmano residente nos Estados Unidos.
(Com Reuters e AFP)