O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, pediu um cargo de direção ou de conselho ao presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, revelou em entrevista exclusiva a VEJA desta semana, na qual aborda os bastidores de sua demissão da estatal. A conversa se deu em setembro passado, quando Landim procurou Silva e Luna para uma conversa e afirmou que teria a solução para baixar os preços dos combustíveis, mas “não poderia ajudar de fora”. De acordo com o presidente da Petrobras que deixará o cargo em abril, Landim fez questão de se mostrar próximo do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a conversa.
“Tive um único contato com ele. Em setembro do ano passado, ele esteve aqui na empresa, conversamos cerca de 40 minutos. Na época, ele comentou que tinha condições de baixar o preço dos combustíveis, mas que precisaria ter um cargo na empresa — uma direção, um conselho”, disse Silva e Luna. Ele não aceitou a investida.
Na conversa com o engenheiro e cartola, Silva e Luna estava acompanhado de quatro assessores, confundidos por Landim com diretores da estatal. Segundo o general, o presidente do Flamengo chegou a fazer críticas, afirmando que um dos assessores presentes, o qual confundiu com o diretor de logística da empresa, “não entendia nada de logística”.
Meses depois, em março, Bolsonaro indicou Landim para o conselho de administração da empresa. O movimento foi interpretado, dentro da Petrobras, como um método para emplacar o presidente do Flamengo como o sucessor de Silva e Luna no comando da estatal. No final, Bolsonaro escolheu o economista Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), como presidente da Petrobras, mas indicou o presidente do Flamengo para a presidência do conselho de administração, mantendo aberta sua margem de influência dentro da companhia. Próximo a Bolsonaro, o cartola é um homem com experiência no setor de petróleo.
A indicação não causou nenhuma estranheza entre dirigentes do Flamengo — que acompanhavam a aproximação entre os presidentes do rubro-negro e da Presidência da República em meio à pandemia.