Por que o PT foi fundamental para a privatização da Eletrobras
Além de governos petistas investirem em desestatizações do setor, Eletrobras "estava quase quebrada por causa da gestão do PT", diz Elena Landau, ex-BNDES
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, acordou animado para seu casamento com a socióloga Rosângela Silva, a Janja. Antes de preparar o fraque, porém, Lula guardou um tempinho do dia para criticar a privatização da Eletrobras, chancelada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nesta quarta-feira, 18, após formação de maioria na Corte. “Sem uma Eletrobras pública, o Brasil perde boa parte da sua soberania e segurança energética. As contas de luz devem ficar ainda mais caras. Só que quem não sabe governar tenta vender empresas estratégicas, ainda mais correndo para vender em liquidação”, escreveu o petista pela manhã em seu Twitter. O que Lula não menciona, entretanto, é que o próprio PT preparou o terreno para que a privatização ocorresse anos após suas gestões.
“Esse argumento de defesa da soberania nacional não cola, porque mais de 60% do setor elétrico já é privado. Itaipu Binacional e a Eletronuclear vão continuar estatais, a Eletrobras representa só 20% do mercado de geração de energia”, diz Elena Landau, diretora de privatizações do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. “O resto foi privatizado pelo PT, só a Gerasul foi concedida pelo FHC. O governo do PT se estruturou para a privatização do setor elétrico”, diz.
Segundo Elena, a empresa “estava quase quebrada por causa da gestão do PT na companhia”. “O que gerou tarifaço e a necessidade da venda foi a gestão do partido”, diz. “Todo mundo tem interesse político em empresa estatal para fazer obra inadequada, indicar diretoria, prática do governo do PT que o Bolsonaro faz igual”, afirma. “Hoje a privatização é necessária para proteger o setor elétrico da interferência política”, defende ela — que, ainda, crítica a demora do governo em conseguir dar vazão à privatização. “Guedes não fez nada. A privatização não saiu antes porque foi liderada por Paulo Guedes. Não é possível que desde a aprovação da MP eles não tivessem esclarecido as dúvidas do TCU até hoje”, diz.