População ocupada cresce em janeiro puxada pela informalidade
Taxa de desemprego ficou em 14,2% no trimestre encerrado em janeiro com 14,3 milhões de brasileiros procurando emprego; ocupados eram 86 milhões, alta de 2%
A taxa de desemprego no país continua em níveis muito altos. Apesar dos 14,3 milhões de brasileiros desempregados, que representam uma taxa de 14,2% no trimestre encerrado em janeiro, estável em relação ao mesmo período imediatamente anterior, há um dado de alento.
O índice de pessoas ocupadas aumentou 1,7 milhão no período, puxado principalmente pela volta ao trabalho de informais. Ao todo, eram 86 milhões de brasileiros trabalhando até o fim de janeiro. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira, 31.
O aumento no número de casos de Covid-19 acelerou em fevereiro e, a partir do fim do mês passado, prefeitos e governadores voltaram a endurecer restrições para tentar frear o contágio, o que pode ter impacto. De toda forma, a recuperação de ocupação em um momento em que havia regras mais flexíveis para as atividades econômicas, é positiva.
“A expansão de 2% na população ocupada é a maior para um trimestre encerrado em janeiro. Esse crescimento ainda tem influência do fim de ano, já que novembro e dezembro foram meses de crescimentos importantes”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. Com o aumento no número de ocupados, o nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, ficou em 48,7%.
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado subiu 3,6% em relação ao trimestre anterior, o que representa um aumento de 339 mil pessoas. Já os trabalhadores por conta própria sem CNPJ aumentaram em 4,8% no mesmo período, totalizando 826 mil pessoas a mais. Os trabalhadores domésticos sem carteira, após crescerem 5,2% frente ao trimestre anterior, somam 3,6 milhões de pessoas.
“A perda de força no crescimento da ocupação vem principalmente da menor expansão na Indústria, no Comércio e na Construção. E em relação à posição na ocupação, o trabalhador por conta própria e o empregado no setor privado sem carteira permanecem sendo aqueles que estão contribuindo mais para o crescimento da ocupação no país”, diz a pesquisadora. Com isso, a taxa de informalidade no trimestre encerrado em janeiro foi de 39,7%.
Os trabalhadores do setor privado com carteira de trabalho assinada e os empregadores foram duas categorias que mantiveram estabilidade frente ao trimestre encerrado em outubro. Mas na comparação com janeiro passado, há queda. São 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada a menos no setor privado. Já a queda no número de empregadores foi de 548 mil pessoas.
Houve queda de 1,1% na população fora da força de trabalho na comparação com o último trimestre. Essas pessoas que não estavam nem ocupadas nem desocupadas na semana de referência somaram, no trimestre encerrado em janeiro, 76,4 milhões de pessoas. Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, esse contingente cresceu 16,2%.
Na comparação com o último trimestre, 720 mil pessoas saíram da força de trabalho potencial, que soma as pessoas em idade de trabalhar que não estavam nem ocupadas nem desocupadas, mas que tinham potencial para estar na força de trabalho. Esse grupo foi estimado em 11,3 milhões de pessoas.
Entre eles estão os desalentados, grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Após uma variação de 2,3%, o que representa estabilidade frente ao trimestre anterior, eles foram estimados em 5,9 milhões de pessoas, o maior número desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Em relação ao mesmo período do ano anterior, quando havia no Brasil 4,7 milhões de pessoas desalentadas, houve um acréscimo de 25,6%. São 1,2 milhão de pessoas a mais nessa situação.
Setores
O efeito da pandemia do novo coronavírus é melhor visto nos dados de setores que empregam. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve queda de 2 milhões de pessoas no contingente de ocupados do Comércio (-11%), de 1,6 milhão em Alojamento e alimentação (-28,1%), de 1,3 milhão na Indústria (-10,3%), de 1,3 milhão em Serviços Domésticos (-20,8%), de 938 mil em Outros Serviços (-18,4%), de 702 mil em Transportes (-14,1%) e de 693 mil na Construção (-10,2%).
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