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PIB dos EUA encolhe pelo 2º trimestre seguido e entra em recessão técnica

Queda foi de 0,9% no período entre abril e junho; inflação histórica e política contracionista de juros influenciaram no resultado

Por Larissa Quintino Atualizado em 28 jul 2022, 15h05 - Publicado em 28 jul 2022, 10h10

O que era previsto por analistas e temido pelo impacto na economia global aconteceu. Com a segunda retração consecutiva no Produto Interno Bruto, os Estados Unidos entraram em recessão técnica. Segundo os dados preliminares anualizados do Departamento do Comércio americano divulgados nesta quinta-feira, 28, o recuo é de 0,9% no trimestre encerrado em junho. 

Esse é segundo trimestre seguido de baixa, o critério usado por economistas para definir a recessão técnica. No primeiro trimestre, a economia do país teve uma queda também anualizada de 1,6%, primeira retração desde 2020, quando o país amargou recessão por causa dos efeitos da Covid-19. Vale lembrar que, no 4º trimestre de 2021, a economia dos EUA cresceu a um ritmo robusto de 6,9%. Com a normalização após o período mais crítico da pandemia, uma inflação histórica e sucessivos ajustes de juros para tentar conter o impacto dos preços, a maior economia do mundo sente a desaceleração como resultado dessa conjuntura.

Vale salientar que, embora a regra geral para recessões seja dois declínios trimestrais consecutivos no PIB, a determinação oficial dos fins e inícios dos ciclos nos EUA é feita por um grupo de acadêmicos do National Bureau of Economic Research, um órgão oficial de pesquisas.

“A queda no PIB real reflete recuos nos investimentos privados em estoque, em investimentos fixos residenciais, em gastos do governo federal, gastos dos governos estaduais e locais e investimentos fixos não residenciais”, apontou o Escritório de Análise Econômica (BEA, sigla em ingles). As quedas, segundo análise, foram parcialmente compensadas por aumentos nas exportações e nos gastos das famílias.

O resultado do PIB veio pior que a mediana das expectativas do mercado. Segundo a Bloomberg, os analistas esperavam avanço de 0,4% no PIB e um aumento de 1,2% nos gastos do consumidor, que foi de 1%. Logo após a divulgação dos resultados, os rendimentos dos títulos do Tesouro de dois anos caíram, uma vez que o relatório reduziu as chances de novos aumentos agressivos nas taxas do Fed, enquanto os futuros de ações dos EUA permaneceram mais baixos e o dólar apagou os ganhos que vinha tendo.

Inflação

Um indicador importante da demanda que exemplifica o impacto da alta dos preços no PIB são as vendas finais ajustadas pela inflação para compradores domésticos, que caíram a um ritmo de 0,3% no segundo trimestre, em comparação com um ganho de 2% no período anterior.

O relatório ilustra como a inflação minou o poder de compra dos americanos e a política monetária mais apertada do Federal Reserve enfraqueceu setores sensíveis às taxas de juros, como o imobiliário. Porém, o Fed pode continuar a alta na política monetária contracionista, o que deve ter ainda mais efeitos na atividade econômica dos EUA. “Achamos que é necessário desacelerar o crescimento”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva na quarta-feira, após outro aumento de 75 ponto-base nas taxas de juros. “Na verdade, achamos que precisamos de um período de crescimento abaixo do potencial para criar alguma folga para que o lado da oferta possa se recuperar. Também achamos que haverá, com toda a probabilidade, algum abrandamento nas condições do mercado de trabalho.”

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