PIB dos EUA cresceu 33,4% no terceiro trimestre de 2020
Com abertura da economia, vacina e novo pacote de auxílios governamentais, o quarto trimestre deve continuar no caminho da retomada
Dados divulgados na manhã desta terça-feira 22 pelo Escritório de Análise Econômica dos Estados Unidos reafirmaram a importância da reabertura dos negócios para a recuperação da maior economia do mundo no terceiro trimestre de 2020, bem como dos pacotes governamentais que injetaram trilhões de dólares à economia e facilitaram as condições de pagamento de pessoas físicas e empresas. De julho a setembro de 2020, o PIB anualizado final cresceu 33,4%, levemente acima da expectativa do mercado, que projetava uma alta de 33,1%, equivalente à segunda prévia do PIB divulgada no dia 25 de novembro.
“A revisão para cima refletiu principalmente aumentos maiores nas despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) e no investimento fixo não residencial”, disse o documento. No terceiro trimestre do ano, o investimento fixo não residencial, assim como o residencial, foi impulsionado pela diminuição dos gastos ao governo federal, estadual e local, fruto do Programa de Proteção ao Pagamento. Além disso, a alta do PIB refletiu aumentos no investimento em estoque privado, exportações e gastos do governo local. As importações, que impactam negativamente no PIB, aumentaram.
Houve também aumento na utilização de serviços, principalmente de cuidados à saúde, alimentação e alojamento, e consumo de bens, com destaque para calçado, vestuário, veículos automóveis e peças. Já o aumento do estoque privado deve-se ao crescimento do comércio varejista, principalmente concessionárias de veículos motorizados. As exportações, por sua vez, foram lideradas por alta de veículos automotores, motores e peças e bens de capital. Já o aumento do investimento fixo não residencial se deve a um crescimento em equipamentos, o principal deles ligado ao transporte, enquanto o residencial reflete comissões das corretoras e outros custos de transferência de propriedade.
No período, o crescimento do PIB refletiu os esforços para retomar os negócios e atividades que haviam sido temporariamente suspensas para evitar a propagação da Covid-19 e que no segundo trimestre do ano provocaram uma queda anualizada do PIB de 31,4%. No primeiro trimestre, a queda foi de 5%.
Para o quarto trimestre do ano, a expectativa é de um bom desempenho na economia, mas mais próximo da normalidade uma vez que as quedas e subidas meteóricas já aconteceram no segundo e no terceiro trimestre do ano. A eleição americana diminuiu a aversão ao risco dos investidores e o início da vacinação em dezembro levou os mercados a baterem recordes históricos. “Esperar que o próximo trimestre será igual ou melhor que o terceiro seria irrealista, mas os Estados Unidos estão fortes. Já o futuro dependerá se teremos de ter mais lockdowns na maioria dos estados, da mesma forma como está acontecendo na Europa. Isso também depende dos bons resultados da vacinação à população”, diz o economista Leandro Araújo, diretor de serviços financeiros da IB Consulting.
Para ajudar, republicanos e democratas se entenderam no Congresso americano e aprovaram o novo pacote de auxílio emergencial, que pode chegar a quase 900 bilhões de dólares. Dessa forma, se sancionado pelo presidente republicano Donald Trump – o que tem grandes chances de ocorrer -, o orçamento anual previsto para o governo americano até o dia 30 de setembro de 2021 seria de 1,4 trilhão de dólares, considerado seguro para que não haja riscos de um novo “shutdown”, ou seja, quando o governo não consegue honrar os compromissos financeiros assumidos.