PIB do 4º trimestre desacelera e mostra tendência para 2025
Economia ficou próxima da estabilidade em um período marcado por aumento da taxa de juros e inflação elevada

O Produto Interno Bruto do Brasil avançou 3,4% em 2024, o maior crescimento desde 2021 — e, excetuando a pandemia, o maior em 13 anos. Apesar do destaque positivo, há sinais de atenção nos dados divulgados nesta sexta-feira, 7, pelo IBGE. No quarto trimestre de 2024, a economia avançou 0,2%, em um claro sinal de desaceleração em relação aos trimestres anteriores, que registraram crescimento de cerca de 1%. O avanço é menor que o esperado pelo mercado, que projetava alta de 0,4% no período.
De acordo com o instituto, no período, a Indústria variou 0,3%, enquanto os Serviços tiveram variação de 0,1%. Já a Agropecuária recuou 2,3%.
O período foi marcado pelo aumento da taxa de juros. Uma Selic maior torna o crédito — tanto para empresas quanto para o consumidor — mais caros, o que tende a desacelerar investimentos e o consumo. Essa é uma das ferramentas usadas pelo Banco Central para tentar controlar a inflação, e tem consequência direta na atividade econômica.
“No quarto trimestre de 2024 o que chama atenção é que o PIB ficou praticamente estável, com crescimento nos investimentos, mas com queda no consumo das famílias. Isso porque no quarto trimestre tivemos um pouco de aceleração da inflação, principalmente a de alimentos. Continuamos tendo melhoria no mercado de trabalho, mas com uma taxa já não tão alta. E os juros começaram a subir em setembro do ano passado, o que já impactou no quarto trimestre”, explica Rebeca Palis, pesquisadora do IBGE.
Nas atividades industriais, destaque para a alta na Construção (2,5%), nas Indústrias de Transformação (0,8%) e nas Indústrias Extrativas (0,7%). Já a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos registrou queda de -1,2%.
Nos Serviços, as atividades de Transporte, armazenagem e correio (0,4%) e Comércio (0,3%) registraram variação positiva. Houve estabilidade para Atividades imobiliárias (0,1%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) e Outras atividades de serviços (-0,1%). Já as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,3%) e Informação e comunicação (-0,4%) apresentaram resultados negativos.
Pela ótica da demanda, houve queda da Despesa de Consumo das Famílias (-1,0%) , elevação da Despesa de Consumo do Governo (0,6%) e da Formação Bruta de Capital Fixo (0,4%).
No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços caíram -1,3%, enquanto as Importações de Bens e Serviços ficaram estáveis -0,1% nesta comparação.
Revisões
Além dos dados do 4º trimestre, o IBGE soltou também revisão da atividade econômica durante os trimestres do ano. Na comparação do período com o imediatamente anterior, o PIB avançou 1% no 1º tri, 1,3% no 2º tri e 0,7% no 3º tri. Anteriormente, os avanços divulgados foram de 1,1%, 1,4% e 0,9%, respectivamente.