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Petrobras quer pagar bônus a funcionários por meritocracia

Hoje, qualquer promoção ou aumento de salário depende da vontade dos chefes

Por Estadão Conteúdo
20 fev 2018, 09h09
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  • A Petrobras vai dar mais um passo para implementar a cartilha da meritocracia no dia a dia dos seus funcionários. Em linha com o que manda o guru brasileiro de gestão de empresas dos anos 1990, Vicente Falconi, e com exemplos de sucesso do setor privado, como da cervejaria Ambev, a estatal quer estimular a performance dos seus profissionais. Para isso, está disposta a pagar bônus por desempenhos individuais de empregados, a criar um banco de talentos interno e a alterar o seu plano de cargos e salários. 

    Um comitê multidisciplinar ainda vai ser criado para zelar pela integração dos diferentes setores da companhia. A principal função do grupo vai ser mapear os principais problemas de cada área e encontrar soluções rápidas, ainda que impopulares.

    As mudanças foram comunicadas pelo diretor de Assuntos Corporativos, Eberaldo de Almeida Neto, que assumiu o cargo no fim de janeiro, no lugar de Hugo Repsold, atual diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia. Em carta direcionada aos funcionários divulgada na intranet, à qual o Estadão/Broadcast teve acesso, ele afirma que a companhia ainda tem que avançar bastante em dois temas essenciais para o seu futuro: “a integração e o mérito”: “Temos de acelerar esse processo, de forma a intensificar o aumento da eficiência.”

    Almeida Neto diz ainda que “recompensar o mérito da força de trabalho é uma função central do RH (Recursos Humanos) e um compromisso de toda diretoria executiva”. 

    Sindicatos

     

    O comunicado não agradou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante dos empregados, que interpreta as medidas como um retrocesso a um modelo de gestão adotado no governo do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, na década de 1990. Coordenador-geral da entidade, José Maria Rangel afirma que o pagamento de bônus por desempenho já foi adotado no passado, mas caiu por pressão dos sindicatos. 

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    “Os sindicatos compreendem que o sucesso da empresa depende de uma ação conjunta dos funcionários e que as compensações por metas atingidas devem acontecer por meio do PLR (participação nos lucros e resultados)”, afirmou Rangel. 

    A FUP negocia com a diretoria dos critérios de distribuição do PLR. A empresa que substituir objetivos operacionais por financeiros, mais difíceis de serem alcançados nesse período de crise, segundo a federação. 

    Hoje, qualquer promoção ou aumento de salário depende da vontade dos chefes. No futuro, com a adoção de um banco de talentos, a petroleira vai adotar “critérios claros para sucessão com base no mérito e amplo acesso” e o novo plano de cargos e salários que será discutido neste ano também deve dar mais mobilidade aos funcionários, como informou o diretor de Assuntos Corporativos no comunicado aos funcionários. 

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    Especialista pela FGV Ebap (Fundação Getúlio Vargas/Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas), Carmen Miguelis diz que um dos efeitos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi tornar excessivos os sistemas internos de controle das empresas envolvidas. Além disso, aponta ela, é comum no Brasil os funcionários conviverem em ambientes de grande lacuna hierárquica – entre as lideranças e o pessoal de base – e também de desconfiança interna, que “contribuem para que os melhores indivíduos não apareçam”. 

    Procurada, a Petrobrás não se pronunciou oficialmente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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