Petrobras afasta diretor de compliance após ‘erro grave’
O diretor vai recorrer da advertência aplicada pela Comissão de Ética da Presidência
O conselho de administração da Petrobras decidiu hoje afastar do cargo o diretor de governança e conformidade, João Adalberto Elek Júnior. Ele foi advertido pela Comissão de Ética da Presidência por violação da lei de conflito de interesses.
A punição ocorreu após denúncia de que Elek contratou, sem licitação, a Deloitte para realizar auditoria e consultoria empresarial para a Petrobras. A contratação foi feita no final de 2015, pelo valor de 25 milhões de reais. Na época, a filha do diretor passava por um processo de seleção na Deloitte, sendo mais tarde contratada pela consultoria.
O diretor vai recorrer da advertência aplicada pela Comissão de Ética. Em reunião hoje, a Petrobras decidiu que Elek ficará afastado do cargo até que seu recurso na comissão seja julgado.
Em nota, a Petrobras informa que a filha do diretor foi contratada em um processo seletivo que durou de setembro de 2015 a março de 2016, baseado em envio de currículo, entrevistas e testes diversos. “Em nenhum momento suas funções envolveram assuntos ligados à Petrobras. No mesmo mês de março, o diretor comunicou à comissão de ética da Petrobras que sua filha havia sido contratada.”
Sobre a contratação sem licitação, a Petrobras informa que ela recebeu pareceres favoráveis da auditoria interna e do departamento jurídico e ocorreu após o início do processo de seleção da filha de Elek. A justificativa para a contratação era investigar denúncias recebidas pelo canal Denúncia da Petrobras. “A dispensa da licitação foi justificada tendo em vista os riscos que poderiam ser gerados para a companhia, como atrasos e/ou a interrupção desses trabalhos, incluindo o enfraquecimento da governança da Petrobras.”
A Petrobras informa que criou uma comissão especial que avaliou o assunto e “concluiu que o processo de contratação foi justificado e regular”. “A Comissão, com base nas evidências encontradas e no seu melhor julgamento, também entendeu que o Diretor João Elek não havia cometido infrações às normas de conflito de interesse.”
Em razão do cargo ocupado por Elek, a Petrobras decidiu afastá-lo até o julgamento do seu recurso.
Para o presidente da Comissão, Mauro Menezes, “Houve uma conduta errada e violadora da lei”. “Estamos falando de um diretor de compliance da maior empresa brasileira”, observou ele ao classificar a atitude do executivo como “erro grave” de conduta ética. “Consideramos a conduta violadora da norma ética.”
A Deloitte não comentou o caso.