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Bolsa sobe mais de 2% e dólar cai para R$ 3,89 com euforia eleitoral

Mais do que o crescimento de Bolsonaro, mercado financeiro comemora redução da chance de o PT voltar ao Planalto

Por Machado da Costa
Atualizado em 3 out 2018, 15h02 - Publicado em 3 out 2018, 10h48

O mercado financeiro mantém a euforia vista na terça-feira 3, nesta quarta, 4. Às 15h, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, subia 2,64%, aos 83.770 pontos. Logo após a abertura do pregão, o Ibovespa chegou a passar de 4% de alta. O real também se valoriza perante o dólar, que cai 0,94%, a 3,898 reais. O motivo é, mais uma vez, as pesquisas eleitorais que apontam o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) nas intenções de voto. Contudo, não é exatamente o capitão da reserva que anima os investidores, mas, sim, o fato de que o PT, que tem Fernando Haddad como seu candidato, pode não vencer a corrida ao Planalto.

Um dos efeitos dessa euforia é observado no desempenho de estatais. Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil têm as ações que mais cresceram. Na semana, a petroleira sobe 13,6% – contando com a alta de 5% observada nesta quarta. Já a elétrica se valoriza em 7,8% só no pregão desta quarta. O banco, por sua vez, tem alta de 16,6% na semana – nesta quarta, sobe 9,2%.

Na noite de terça, o Datafolha mostrou que Bolsonaro ampliou sua vantagem para Haddad para 11 pontos porcentuais nas intenções de voto. O instituto de pesquisa agora dá ao candidato do PSL 32%, enquanto o petista tem 21%. Além disso, a rejeição do ex-prefeito de São Paulo disparou e alcançou a do capitão – 41% contra 45%, empatados dentro da margem de erro.

Economistas ressaltam que Bolsonaro, mesmo sem dar muitos indicativos de quais são seus objetivos econômicos, fia-se na figura liberal de seu principal assessor, Paulo Guedes, para conquistar a confiança do mercado. E que o PT, cujo programa já é conhecido, tem enorme rejeição entre os investidores. No final das contas, o medo do Partido dos Trabalhadores é maior do que a desconfiança com o militar.

“Do Bolsonaro, o mercado sabe muito pouco. Qual a estratégia dele? Ninguém sabe nada. Esse ânimo é porque o PT pode perder”, diz André Perfeito, economista-chefe da corretora Spinelli.

Segundo Perfeito, há uma esperança de que a linha do Paulo Guedes prevaleça, o que pode trazer resultados econômicos diferentes dos anos petistas. “O mercado não está precificando exatamente o Bolsonaro, mas que o PT não vai ganhar – e isso tem preço, sim. Haddad, por exemplo, falava da possibilidade de taxar o spread bancário [diferença entre as taxas aplicadas pelos bancos nos empréstimos e as taxas de captação de recursos]. Era uma das propostas. É óbvio que, se ele não ganhar, os bancos podem ir melhor”, diz.

Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências, segue a mesma linha. “A eleição do Bolsonaro significa a não volta do PT, que tem uma linha de pensamento econômico mais estatizante, intervencionista, sem reformas profundas”, afirma. “Há riscos e incertezas com Bolsonaro, mas a questão econômica não é dogmática para ele como é para o PT”, conclui.

Pedro Galdi, analista da corretora Mirae, ressalta que as pesquisas devem pautar os pregões até o primeiro turno, marcado para o próximo domingo, 7. “Em qualquer parte do mundo, a eleição influencia os mercados locais. As estatais, que possuem um peso relevante no Ibovespa, ficam muito voláteis nesses momentos. Há claro que um peso especulativo grande nesse movimento”, afirma.

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