Os motivos que levaram o euro a alcançar o valor do dólar
É a primeira vez em 20 anos, desde que o euro entrou em circulação, que a moeda alcança a paridade com o dólar
O euro alcançou a paridade com o dólar nesta terça-feira, 12, pela primeira vez em 20 anos, desde que o euro entrou em circulação em meados de 2002. A derrocada da moeda está relacionada às tensões com o estendimento da guerra no Leste Europeu e com as elevações da taxa de juros nos Estados Unidos.
No acumulado do ano, a moeda americana já se valorizou 14%, enquanto o euro já se desvalorizou 11,5% no ano contra o dólar. O movimento vem sendo amparado pela diferenciação dos juros entre Estados Unidos e o bloco. O banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), já elevou os juros do país para 1,75%, e sinalizou que deve manter o ritmo de altas, devendo encerrar o ano na faixa de 3% a 3,5%, enquanto a Europa ainda mantém as taxas a níveis próximos de zero.
Para correr atrás do prejuízo, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que vai começar a elevação dos juros neste mês. Essa vai ser a primeira vez desde 2013 que a autoridade monetária vai subir os juros, que se mantiveram no patamar entre 0,75% a 0,5%. Para os especialistas entrevistados por VEJA, a Europa deve encontrar maior dificuldade em elevar os juros pelo fato de integrar diversos países no bloco. “O risco de uma estagflação na Europa parece um pouco mais real. O euro se desvaloriza não só contra o dólar, mas contra a maior parte das outras moedas”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Pesa também sobre a moeda os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, em especial pelos temores de uma crise energética na Europa. O gasoduto Nord Stream 1 entrou em manutenção na segunda-feira com prazo de interrupção de 10 dias, mas o mercado teme uma paralisação maior com o prolongamento do conflito. As tensões no Leste Europeu provocadas pela guerra estão levando os investidores a fugirem do euro, para aumentar aporte no dólar. “Todo esse sentimento negativo pesa bastante na moeda, principalmente se o Banco Central Europeu começar a apertar mais os juros do que se espera, em especial porque a desaceleração na economia do bloco é muito mais iminente devido à guerra”, avalia Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos.