Órgão de energia elétrica evita 539 milhões de ataques cibernéticos no 1º semestre
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) afirma ter evitado investidas de robôs e hackers, além de aumentar velocidade de transações
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade que administra as transações de energia elétrica no Brasil, bloqueou mais de 539 milhões de tentativas de ataques cibernéticos em seus sistemas no primeiro semestre deste ano. O número revela o desafio crescente de se garantir segurança digital em setores estratégicos para o país.
Responsável por garantir o funcionamento do mercado de energia elétrica, a CCEE realiza desde o registro de contratos entre empresas até a liquidação financeira e o acompanhamento da geração e do consumo no país. A CCEE tem um papel fundamental na questão do equilíbrio de forças dentro do setor elétrico, com a responsabilidade de dar isonomia de tratamento, transparência e segurança da informação às transações entre as empresas.
Um dos esforços recentes da CCEE tem sido em investimentos na automação de processos para se preparar para a expansão do chamado mercado livre de energia. Atualmente, grandes empresas conseguem escolher de quem querem comprar eletricidade. A partir de dezembro de 2027, todos os consumidores, inclusive aqueles ligados à rede de baixa tensão, como os residenciais, serão livres para escolher seus fornecedores de energia. Isso deve aumentar bastante o número de empresas atuando na CCEE — frequentemente comparada a uma “bolsa de valores” de energia elétrica.
Antecipando-se a essa transição, a partir de julho a CCEE começou a implementar sistemas baseados em APIs (interface de programação de aplicações), que tornam a comunicação entre sistemas mais ágil, eficiente e segura. Isso significa que muitas operações que antes eram realizadas manualmente passaram a ser automatizadas, facilitando o fluxo de informações e reduzindo o risco de erros humanos.
“Usando APIs, aceleramos processos, ganhamos melhor performance e segurança. Hoje isso é uma prática mundial para esse tipo de negócio”, explica Edson Lugli, gerente executivo de suporte e infraestrutura da instituição. Ele esclarece que, numa operação manual, “alguém teria que sentar no teclado e digitar dados”, o que além de ser lento pode gerar equívocos nos registros. Com as novas tecnologias, as empresas conseguem transmitir dados diretamente entre sistemas, evitando falhas e elevando a produtividade.
Além da digitalização, a CCEE garantiu que, nos últimos seis meses, suas aplicações tecnológicas funcionaram sem nenhuma interrupção, ou seja, com 100% de “disponibilidade”, segundo o jargão do setor. O sistema ainda processou 92% das transações em até três segundos, resultado comparável ao desempenho de bancos e bolsas de valores. “Se você responde em até três segundos, o cliente está satisfeito. Acima disso, a experiência já não é tão boa. Garantimos esse padrão para praticamente todas as interações”, afirma Lugli.
A alta demanda do setor também desafia a infraestrutura da Câmara. São atualmente cerca de 18.000 empresas operando no sistema e mais de 4 bilhões de registros processados por mês, entre contratos, medições e transações. Com a abertura do mercado livre, esse número tende a crescer.
A magnitude dos ataques cibernéticos no primeiro semestre revela o nível de exposição de instituições como a CCEE às ameaças de hackers. A maioria das tentativas foi feita por robôs, que exploram brechas em sistemas desatualizados. “Em 26 anos nunca tivemos um caso que trouxesse algum tipo de dano à CCEE. O segredo está no investimento permanente e na capacitação constante das equipes, pois o elo mais fraco acaba sendo o humano”, diz Lugli.
A CCEE é uma associação civil sem fins lucrativos, fiscalizada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que reúne geradores, distribuidores, comercializadores e consumidores para garantir que a eletricidade chegue de forma eficiente e sustentável a toda sociedade. O fato de ser alvo frequente de ataques cibernéticos mostra que falta d’água nos reservatórios e tempestades urbanas não são os únicos perigos para a segurança do setor elétrico no país.
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