Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

O que explica a alta do dólar por aqui enquanto há desvalorização no mundo

Desde o pico da crise, a moeda americana se valorizou 9,11% em relação ao real; cenário doméstico pesa nesse valor

Por Luisa Purchio Atualizado em 27 ago 2020, 18h01 - Publicado em 27 ago 2020, 16h32

Ao contrário do que vem ocorrendo em relação a moedas de outros países emergentes, no Brasil o dólar vem se valorizando desde o pico do impacto do novo coronavírus no mercado. Desde o dia 23 de março, quando houve a queda drástica nas bolsas de valores, o dólar comercial ficou 9,11% mais caro para os brasileiros: de 5,1416 reais, passou a valer 5,6104 reais no fechamento de quarta-feira. Nesta quinta-feira, 27, a moeda americana operava em baixa de 0,72%, a 5,57 reais, refletindo o discurso do presidente do FED, Jerome Powell, mas o movimento por aqui pode não ser sustentável. O fato é que o dólar vem caindo em todo o mundo, menos no Brasil. No Chile, por exemplo, a moeda americana podia ser comprada por 860,64 pesos chilenos no dia 23 de março, e até ontem se desvalorizou 103,3%, passando a valer 785,92 pesos chilenos. O mesmo ocorreu no México: no pico da crise, um dólar podia ser comprado por 25,1573 pesos mexicanos e até ontem caiu 29,3%, para 21,9342 pesos mexicanos.

Não é só em relação aos mercados emergentes que a moeda americana vem se desvalorizando. No pico da crise da Covid-19, um dólar valia 0,9325 euro, e ontem fechou em 0,8453, 0.85% a menos. Quando comparado à libra esterlina, a moeda americana caiu de 0,8661 na data para 0,7570 ontem, queda de 0,76%.

A desvalorização do dólar em todo o mundo é consequência da estratégia do Federal Reserve, o Banco Central americano, de injetar trilhões de dólares por meio de benefícios às pessoas e às empresas e, assim, estimular a economia. Como não poderia deixar de ser, o aumento da oferta da moeda causa uma diminuição no seu valor. No Brasil, porém, apesar dessa alta da quantidade de moeda americana disponível no mercado e até mesmo dos bilhões de dólares colocados no país via leilões do Banco Central, a moeda continua subindo.

O principal motivo que assusta os investidores é o risco de calote do Brasil frente à complicada situação fiscal à que chegou o país na crise sanitária da Covid-19. Até o final do ano, especialistas estimam que o déficit fiscal pode chegar a 100% do PIB do País. A falta de um consenso entre a equipe econômica liberal do ministro Paulo Guedes e a agenda desenvolvimentista à qual se aliou o presidente Jair Bolsonaro não indicam melhores perspectivas para esse cenário. “Todo mundo está muito assustado que a dívida do governo pode sair do controle caso não haja o ajuste fiscal. E apesar de o juros longo ter aumentado muito, as pessoas estão fugindo do risco”, diz Simão Davi Silber, professor de economia da USP.

Continua após a publicidade

Para Silber, o histórico de moratórias de dívidas no país gera temor nos investidores. Diferentemente de os Estados Unidos, que nunca deu calote desde sua independência, há cerca de 240 anos, o Brasil já realizou sete moratórias de dívida desde a sua independência, há quase 200 anos. Ou seja: enquanto o país não resolver suas pendências políticas e oferecer segurança aos investidores por meio de uma agenda de concretos ajustes fiscais, a moeda brasileira seguirá na contramão de outras moedas globais.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.