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O que está puxando a alta do Ibovespa em janeiro?

Principal índice do mercado financeiro já acumula alta 3% no mês até hoje após queda intensa durante 2024

Por Juliana Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jan 2025, 16h44 - Publicado em 22 jan 2025, 16h42

Se o dólar, de um lado, se acomoda abaixo dos 6 reais na sessão de hoje, o Ibovespa, na ponta oposta, aproveita o bom humor para seguir em alta, acumulando no mês de janeiro um avanço de quase 3%. Os motivos para o desempenho são vários, e as perspectivas, timidamente positivas: há espaço para o índice seguir em trajetória ascendente ao menos no curto prazo, após o mercado já ter precificado parte dos receios em relação ao Brasil e ao exterior; porém, novas fontes de pressão não estão descartadas, e logo podem tirar o brilho da renda variável novamente.

De um lado, o Ibovespa caiu mais de 10% no ano passado, o que levou muitas companhias com bons fundamentos e de boa qualidade a ficarem muito baratas, abaixo do preço considerado justo por analistas e gestores. Com as “pechinchas”, investidores vêm se aproveitando para voltar às compras, ainda que de forma mais comedida.

Na sequência, há o próprio movimento do câmbio. Isso porque a forte desvalorização do real ao longo de 2024 fez com que a bolsa brasileira também ficasse barata em dólar, atraindo compradores estrangeiros de olho em boas oportunidades a preços módicos. É o que explica, inclusive, a entrada forte de R$ 3,7 bilhões na bolsa em janeiro pelas mãos de investidores internacionais, conforme dados da B3.

“A gente via um valuation (avaliação de preços das ações) muito amassado e empresas que vêm reportando lucros trimestre atrás de trimestre, com uma relação entre preço e lucro que não estava condizente com a realidade”, afirma Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research. “Então, agora o estrangeiro volta a comprar bolsa. Ainda é um fluxo envergonhado, mas é o suficiente pra que essa bolsa se mantenha positiva no mês de janeiro.”

Outro motivo é a tendência de queda de juros nos Estados Unidos. Embora o governo recém-empossado de Donald Trump tenha planos que podem trazer mais inflação para a economia, como políticas tarifárias com potencial de repasse a consumidores americanos, a política monetária atual vem promovendo cortes de juros que beneficiam economias emergentes. Dados econômicos recentes lá fora também endossam a possibilidade desse ciclo continuar, como a inflação ao produtor americano (PPI, na sigla em inglês) e inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que vieram abaixo do esperado nas leituras recentes.

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A tudo isso se soma uma agenda local morna, sem atividade no Congresso que possa elevar os ruídos domésticos, sobretudo em um momento de preocupações grandes com a condução da política fiscal brasileira e com o endividamento do país.

Para prazos maiores, a avaliação geral dos agentes de mercado é de que os riscos permanecem no radar, em especial conforme as decisões de Trump sejam tomadas. Se feitas no mesmo tom do discurso do republicano, diversas dessas políticas têm força para prejudicar economias emergentes, seja via fortelecimento do dólar e dos mercados americanos, seja diretamente, com imposição de tarifas comerciais e outras retaliações.

Mas, se os riscos permanecem, as oportunidades de continuidade do otimismo também existem. Para Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Top Gain e da Dom Investimentos, a sinalização do governo de que haverá uma prioridade para agendas econômicas — como se viu ontem, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou 25 prioridades da pauta para 2025 e 2026 — ajuda a retirar uma parte da pressão gerada pelo desastroso anúncio do ajuste fiscal no ano passado. “Acredito que essa sinalização do governo, vindo com mais pautas econômicas e uma agenda mais completa, pode fazer com que a gente tenha um fevereiro parecido com janeiro até agora, com uma tendência positiva”, afirma ele.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos independente, também espera um mês de fevereiro com desempenho semelhante, dado que os mercados já precificaram em boa medida tanto a retórica de Trump já feita até aqui, quanto o cenário de juros mais altos no Brasil e as questões fiscais já colocadas. “A gente sabe que os Estados Unidos podem fazer alguma coisa que venha prejudicar o Brasil e fazer o dólar subir, mas acredito que, por enquanto, não tem mudança drástica”, diz ele, que pondera que uma alta mais firme e “garantida” do mercado de ações só aconteceria em caso de surpresa positiva em alguma frente, como o lado fiscal doméstico.

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