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O duro recado de João Amoêdo para Luiz Felipe d’Avila e Romeu Zema

Fundador do Novo, o empresário critica a atuação de d'Avila em Debate VEJA; para ele, disputa polarizada se dá por falta de apoio a impeachment de Bolsonaro

Por Felipe Mendes Atualizado em 29 set 2022, 09h29 - Publicado em 26 set 2022, 14h13

O engenheiro e administrador de empresas João Amoêdo tem demonstrado certo desencanto com os caminhos trilhados pelo Partido Novo nas eleições presidenciais deste ano. Cofundador da legenda, o ex-banqueiro, que recebeu mais de 2 milhões de votos no pleito de 2018, critica a postura passiva do candidato Luiz Felipe d’Avila no Debate VEJA, realizado no último dia 24, frente ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. “Tiveram algumas coisas que eu achei ruim. A primeira foi quando ele falou que precisa ‘enquadrar o STF’. Como candidato a um dos poderes, foi um comentário infeliz. Eu não sei se ele realmente acredita nisso ou se o fez só para agradar a uma ala bolsonarista dentro do partido”, afirma Amoêdo. “E senti falta no debate de ele ser mais incisivo em questionamentos ao Bolsonaro, que fez um governo muito ruim, tão ruim que quatro anos depois a gente está vendo o PT como favorito nas eleições.”

Quando fundou e presidiu o Novo, Amoêdo tinha como preceito criar uma legenda que representasse os anseios de uma política liberal e, sobretudo, sem o que classifica como “vícios da velha política”. Hoje, no entanto, ele lamenta a posição de alguns membros do partido. “O nosso objetivo sempre foi de participar dos debates para ter, de fato, uma postura muito crítica, com uma visão de país, uma visão de longo prazo. Não era para ficar refém de jogadas eleitorais, de uma estratégia de curto prazo para as urnas”, desabafa.

Nessa mesma linha, Amoêdo, quando questionado sobre o ex-presidente Lula, que faltou ao último debate e lidera as pesquisas de intenções de voto, não poupa críticas a Romeu Zema, candidato pelo Novo à reeleição ao governo de Minas Gerais, que tem adotado postura semelhante a do petista. “É uma estratégia simplesmente eleitoral. Na minha visão, quem está liderando as pesquisas é que tem a maior obrigação de comparecer ao debate para explicar suas propostas para o país. É um dever com o eleitor”, afirma Amoêdo. “O próprio candidato do Novo [em Minas], o Romeu Zema, já faltou a dois debates. Eu lamento esse tipo de atitude. A gente, como partido, sempre foi defensor da transparência, defensor de que as pessoas devem ir aos debates para expor as ideias, então eu acho muito ruim o que está acontecendo.”

Para o empresário, a tese do ‘voto útil’ no primeiro turno é a comprovação da falha da sociedade em apoiar o impeachment de Bolsonaro, em 2021. Um dos principais defensores do impedimento do atual presidente, Amoêdo acredita que, sem Bolsonaro no pleito, o debate por ideias prevaleceria nas eleições deste ano. “Um dos grandes erros da sociedade foi não ter apoiado o processo de impeachment do Bolsonaro, porque isso seria uma demonstração de que, quando um presidente comete crimes de responsabilidade, ele deve ser punido, e ainda teria aberto de fato um processo eleitoral onde a gente não ficasse nessa disputa beligerante entre os dois, com espaço para uma discussão de propostas para o Brasil”, afirma ele.

O ressurgimento do PT, segundo Amoêdo, teria sido motivado pelo “governo muito ruim” feito por Bolsonaro. “Você derrota seus adversários dependendo do governo que você entrega. O Bolsonaro é a maior prova disso. Ele venceu o PT nas urnas, mas não derrotou o PT, pelo contrário, ele fortaleceu o PT, porque fez um governo muito ruim. O voto útil às vezes é um atalho que leva a esse tipo de situação que é enganosa e falsa, porque não resolve o problema do cidadão”, diz. Questionado se votaria em Lula contra Bolsonaro em um eventual segundo turno, Amoêdo reitera que “não consigo ter argumentos para votar em nenhum deles” e que, se for essa a disputa, “a minha ideia é, de fato, anular o voto”.

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