O dado econômico que amplia vantagem de Lula sobre Bolsonaro
A participação do setor industrial no PIB alcançou 28,6% em 2004, durante o governo Lula, mas caiu para 18,9% em 2021
Os principais institutos de pesquisas eleitorais indicam que as eleições deste ano devem continuar bastante polarizadas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), ambos representantes de ideologias partidárias opostas. Desde o início do ano, Lula vem despontando a preferência do eleitorado, levando Bolsonaro a mobilizar o Congresso nos últimos meses na aprovação de medidas de redução no preço dos combustíveis e de ampliação dos benefícios sociais para garantir vantagem na disputa. Mas, um importante dado econômico pode ajudar na vantagem de Lula sobre seu principal oponente: a produção industrial voltou a andar para trás.
No início do mês, a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) voltou a registar queda após quatros meses de ligeira recuperação, recuando 0,4%. O dado é bastante negativo para a indústria, que registra queda de 2,2% no primeiro semestre do ano e de 2,8% no acumulado de doze meses. A participação do setor industrial no PIB alcançou 28,6% em 2004, durante o governo Lula, mas caiu para 18,9% em 2021, registrando o seu pior desempenho em quase duas décadas. Com a atividade industrial menos aquecida, a indústria perdeu 9.579 empresas de 2011 a 2020, segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA). Desse total, 70%, cerca de 2.865 enceraram suas operações durante o governo Bolsonaro, entre 2019 e 2020. “Para se transformar em um país industrial, é preciso que você faça investimento em ciência e tecnologia. É preciso que você faça mais universidades, mais escolas técnicas”, disse Lula em entrevista para a Rádio Conexão 98 de Palmas (TO), em abril.
Embora o governo tenha comemorado a recuperação de empregos, analistas apontam que o ocupação está cada vez mais precarizada, com salários menores e maior quantidade de trabalhadores na informalidade.
Os dados têm sido usados como um trunfo por Lula e seus apoiadores na disputa contra Bolsonaro. O desgosto pelo tratamento à indústria é uma das razões para a perda de apoio de importantes entidades, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que circula um manifesto pró-democracia em defesa do sistema eleitoral brasileiro, que tem sido alvo de críticas de Bolsonaro.
Apesar dos dados ruins da indústria serem justificáveis pelos desafios globais com os desequilíbrios nas cadeias de suprimentos herdados da pandemia e a alta dos preços, que estão aumentando os custos de produção e corroendo a renda das famílias, com reflexo na redução da demanda por diversos produtos, a categoria alega falta de investimento público no setor industrial, e uma falta de políticas para enfrentar a desindustrialização.