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‘O Brasil é mais inovador do que muita gente imagina’, diz presidente da Siemens

A empresa se prepara para participar da COP30, quando pretende mostrar como o país pode se transformar nos próximos dez anos

Por Cinthia Rodrigues, de Hannover
18 abr 2025, 16h38

Pablo Fava, presidente da Siemens no Brasil, tem uma missão que vai além de seu cargo corporativo. Ele é um embaixador espontâneo do potencial brasileiro. Nasceu na Argentina, começou na empresa alemã como estagiário em 1996, e se mudou para cá em 2002. Fava não esconde o brilho nos olhos quando fala sobre o  o horizonte positivo do país que escolheu para viver, casar e ter filhos. Na Alemanha, onde no início de abril participou da Hannover Messe, uma das maiores feiras de tecnologia industrial do mundo, celebrou a escolha do Brasil como parceiro da próxima edição, em 2026. Essa vitrine trará mais visibilidade e incremento para os negócios nacionais. “Quando você conecta algo à tomada, 90% dessa energia é sustentável. Se essa vantagem nos ajudar a conquistar 1% do mercado global, já consideramos um grande sucesso”, afirma Fava. Ele está concentrando esforços para abordar esses temas na próxima COP30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro, em Belém.

Para provar o que está dizendo, Fava cita que a Siemens preparou o relatório Pictures of Transformation: Um Retrato do Brasil em 2035, em parceria com o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais). O estudo mostra como a matriz energética limpa brasileira pode liderar a economia de baixo carbono e modernizar infraestruturas de transporte, logística e gestão hídrica. O documento delineia os caminhos para um futuro sustentável e está disponível em quase 50 páginas. “O Brasil é mais inovador do que muitas pessoas imaginam, mas é preciso que o mundo saiba disso”, diz Fava, que atende clientes como Embraer, Vale, Petrobras, Laboratório Teuto, Volkswagen, Audi e Stellantis, entre outros, oferecendo soluções que ajudam as empresas a serem mais eficientes..

Com quase 180 anos de história, desde que Werner von Siemens (1816-1892) criou o telégrafo de ponteiro, em um quintal em Berlim, a multinacional alemã faturou mundialmente perto de 76 bilhões de euros no ano fiscal de 2024. No ano passado, adquiriu a Altair Engineering, empresa de softwarel e armazenamento em nvem, por cerca de 10 bilhões de dólares, e a Dotmatics, fornecedora de software para pesquisa e desenvolvimento nas Ciências da Vida, por 5 bilhões de dólares. Essas aquisições reforçam o portfólio da companhia na era das soluções digitais e da chamada Indústria 4.0. Em Hannover, onde esteve para participar da exposição local, Fava deu a seguinte entrevista exclusiva a VEJA Negócios.

O que podemos dizer sobre sustentabilidade e negócios no Brasil?

Existe um potencial imenso. Nossa matriz energética é predominantemente renovável, com 90% de energia limpa. Além disso, o país pode exportar muito, demonstrando sua capacidade de produção eficiente, seja na cadeia alimentícia ou no setor energético. No entanto, utilizamos apenas 20% das tecnologias disponíveis, o que significa que ainda há muito espaço para crescer. Somos competitivos e há muitas oportunidades.

O Brasil pode ser mais competitivo com a adoção de novas tecnologias?

Sim. Mesmo que o país represente uma pequena parcela do comércio internacional, isso já é uma enorme oportunidade. Com as escolhas certas, podemos posicionar o Brasil de forma muito ambiciosa no mercado global.

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O que a Siemens está fazendo para contribuir com a indústria automotiva, um setor que busca ser mais sustentável?

Estamos trabalhando para integrar o mundo físico e o digital, criando ganhos de eficiência. Isso envolve desde o design do produto até a produção. Na indústria automotiva, por exemplo, estamos ajudando na transição energética, oferecendo soluções mais tecnológicas.

E na infraestrutura, o que vai mudar no futuro?

A tecnologia vai transformar as redes de energia e impactar diretamente a saúde pública e o acesso a recursos essenciais. No Brasil, ainda temos carências em infraestrutura, como saneamento básico. Uma criança que não tem acesso a água potável nos primeiros meses de vida pode enfrentar sérias dificuldades de desenvolvimento.

A área de saúde é um dos focos da Siemens. Depois da pandemia, o que avançou? 

A necessidade de soluções rápidas se intensificou. Um novo medicamento pode levar de oito a dez anos para chegar ao mercado, mas com a tecnologia de Smart Lab Ecosystems, utilizando gêmeos digitais e inteligência artificial, podemos acelerar o processo de desenvolvimento, sem a necessidade de retrabalhos constantes. E isso pode ser reduzido para 12 meses. Além disso, a produção em larga escala enfrenta desafios como volume, embalagens e o registro de lotes, que, muitas vezes, ainda são feitos manualmente e em papel. A digitalização é fundamental para aumentar a eficiência e garantir conformidade com regulamentos, como os do FDA (Food and Drug Administration, agência do governo americano).

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Como as tecnologias impactarão a vida das pessoas?

A inteligência artificial estará presente em muitos aspectos do nosso cotidiano. Teremos medicamentos mais personalizados, como tratamentos específicos para câncer. A customização em massa também se tornará realidade, com soluções mais rápidas e assertivas. Além disso, os consumidores, especialmente no setor alimentício, exigirão mais transparência sobre a origem e qualidade dos produtos, como saber se a carne provém de áreas desmatadas. Na Europa, já existe essa rastreabilidade e isso deve se expandir globalmente.

Como será a presença da Siemens na COP30?

Preparamos uma análise chamada Pictures of Transformation: Um Retrato do Brasil em 2035, que está sendo compartilhada com nossos clientes. Este estudo mostra como o país pode se transformar nos próximos dez anos, destacando áreas como saneamento, tecnologias de redes inteligentes (smart grids), indústrias renováveis, biomassa e biocombustíveis. Essa é nossa primeira contribuição para a COP30.

Siemens automação
Automação em escala na Siemens (Siemens/Divulgação)
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