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Nissan aperta Carlos Ghosn e cobra multa milionária de empresário

Empresa alega que o ex-manda-chuva causou prejuízos de cerca de US$ 90 milhões ao grupo; Ghosn alega motivação política

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h53 - Publicado em 12 fev 2020, 15h39

Continua a guerra entre o empresário Carlos Ghosn e a empresa que, um dia, comandou o conglomerado formado por Nissan e Renault. A montadora apresentou uma denúncia nesta quarta-feira, 12, a um tribunal civil japonês para exigir o pagamento de 10 bilhões de ienes, cerca de 90 milhões de dólares, por parte de Ghosn. O ex-manda-chuva, por sua vez, denunciou a montadora por uma demissão improcedente. O grupo japonês argumenta em um comunicado que a denúncia tem por objetivo recuperar uma “parte significativa” dos danos provocados por Ghosn durante anos de “conduta inapropriada e atividades fraudulentas”. De acordo com a Nissan, as “práticas corruptas” do brasileiro são o motivo para que a empresa cobre a quantia milionária do empresário, acusado de usar imóveis da empresa no exterior sem pagar aluguel, utilizar jatos com fins privados e de acoplar sua irmã por um emprego fantasma na montadora.

Os 90 milhões de dólares incluem também o custo de uma investigação interna contra Ghosn, assim como os gastos de vários processos judiciais em curso da Nissan no Japão, nos Estados Unidos e na Holanda. A Nissan afirmou que o valor solicitado pode aumentar porque o próprio grupo pode ser obrigado a pagar sanções financeiras.

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No início do ano, Carlos Ghosn protagonizou uma fuga digna das telas de cinema ao fugir de Tóquio, no Japão, onde cumpria prisão domiciliar pelos supostos desmando no comando da Nissan-Renault, para Beirute, no Líbano — além das cidadanias brasileira e francesa, Ghosn tem nacionalidade libanesa. Ghosn foi preso em 2018, acusado de não declarar à Receita japonesa o equivalente a 167 milhões de reais recebidos entre 2010 e 2015 e de ter causado um rombo nas finanças da Nissan. Ele teria escapado do país enfiado em uma mala para se carregar instrumentos musicais. Ghosn nega as acusações e se diz vítima de uma perseguição política por parte da empresa. 

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O desempenho das duas empresas mostra que o período pós-Ghosn foi, de fato, ruim para a Nissan e para a Renault. Desde a saída dele, a montadora japonesa — pivô do escândalo que levou à sua prisão — perdeu mais de 11 bilhões de dólares (44 bilhões de reais) em valor de mercado e teve dois executivos-chefe, sendo que um deles, Hiroto Saikawa, renunciou após acusações de negociações ilícitas. A Renault trilhou caminho muito semelhante, com perda de 5 bilhões de euros (22 bilhões de reais) e também dois CEOs no período. Thierry Bolloré, sucessor imediato de Ghosn, foi demitido pelo conselho de administração da companhia em outubro, por não conseguir realizar a fusão entre a companhia francesa e o grupo ítalo-americano Fiat-Chrysler (FCA). A enrolada negociação com acionistas da Renault (entre eles o governo francês) levou a FCA a desistir da iniciativa e partir para uma associação com uma concorrente direta da companhia, a também francesa Peugeot-Citroën (PSA).

Ghosn, por sua vez, reclama à justiça holandesa o pagamento de 15 milhões de euros de indenizações por Nissan e Mitsubishi Motors por demissão improcedente.

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(Com AFP)

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