Não sou vítima, diz modelo de polêmica campanha da Dove
Na campanha, a modelo tira uma camiseta cor de pele revelando-se uma mulher branca. Internautas viram racismo e pediram o boicote da marca
A modelo Lola Ogunyemi, que aparece em uma polêmica campanha da Dove, diz que não é vítima e que o vídeo foi mal interpretado. A campanha foi retirada do ar após acusações de racismo, obrigando a empresa a se desculpar pelo episódio.
Em artigo publicado no jornal The Guardian, Lola afirma que seria a primeira pessoa a recusar o trabalho se fosse retratada de forma inferior às outras modelos. “Eu teria sido a primeira a dizer um ‘não’ enfático, pois iria contra tudo que represento.”
Em um vídeo de treze segundos, Lola aparece tirando uma camiseta cor de pele revelando-se uma mulher branca. Internautas chegaram a pedir o boicote da marca com a hashtag #BoycottDove nas redes sociais.
A modelo negra conta que sua experiência durante a filmagem da campanha foi muito positiva. “Tive uma experiência maravilhosa no set. Todas as mulheres na filmagem entenderam o conceito e o objetivo geral, que era usar nossas diferenças para destacar o fato de que toda pele merece delicadeza.”
Lola disse concordar com o pedido de desculpas de Dove, mas afirmou que a marca poderia ter defendido seu ponto de vista criativo e a decisão de incluir uma modelo ‘de pele inequivocadamente negra’ na campanha.
“Eu não sou apenas uma vítima silenciosa de uma campanha de beleza. Eu sou forte, sou bela e não serei apagada”, escreveu a modelo de origem nigeriana, nascida em Londres e criada em Atlanta.
No artigo, ela deixou claro que não gostou de ver seu rosto associado a uma campanha racista. ‘Se você coloca ‘anúncio racista’ no Google agora mesmo, o primeiro resultado que aparecer vai ser uma foto do meu rosto. Eu estava empolgada em fazer parte de um comercial que promove a força e a beleza da minha raça. Ir contra esse conceito foi perturbador.”
Lola conta que sabe que a indústria de beleza alimentou esse padrão de beleza baseado em pessoas de peles mais claras, mestiças ou brancas. Mas que estava feliz por representar ‘as irmãs de pele negra em uma marca de alcance global’. ‘Parecia a forma perfeita para lembrar o mundo de que estamos aqui, de que somos bonitas e, mais importante, que temos valor.’