Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Não é só morador de cobertura: alta de impostos afeta a todos, dizem economistas

Especialistas explicam por que medidas têm impacto direto sobre crédito imobiliário, agronegócio e investimentos, encarecendo produtos e serviços

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 jun 2025, 11h24 - Publicado em 12 jun 2025, 11h21

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quinta-feira, 12, as medidas de ajuste fiscal contidas na Medida Provisória (MP) publicada pelo governo na noite de quarta-feira, 11, desafiando defensores de bancos a se manifestarem publicamente. O ministro usa o argumento de que as medidas de aumento de impostos não afetam o dia a dia da população, atingindo principalmente “moradores de cobertura”.

Economistas consultados  por VEJA contestam a visão do ministro e destacam que a MP impacta diretamente o cidadão comum e o setor produtivo. Os especialistas também concordam que o governo precisa também reduzir despesas, e não apenas buscar aumentar a arrecadação tributária.

Pablo Alencar, sócio da Valor Capital, diz que a frase de Haddad sobre defensores de bancos pode servir como “manchete”, mas está desconectada da realidade. Para ele, a MP atinge investidores individuais, empresas e setores estratégicos como agronegócio e infraestrutura. “Essa retórica de defensores do banco pode funcionar em palanque, mas ignora que o verdadeiro impacto recai sobre milhões de brasileiros que investem, empreendem e financiam o crescimento do Brasil”, disse Alencar.

Segundo Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos e mestre em finanças pelo MIT Sloan, o governo está focado apenas em aumentar a arrecadação sem discutir seriamente a redução de gastos. Duarte afirma que o discurso de justiça fiscal do ministro “funciona até certo ponto” e está mais próximo de uma estratégia de marketing. “O que o ministro Haddad tem tentado construir é um equilíbrio fiscal só na frente de receita”, afirma. Ele acrescenta ainda que as mudanças tributárias sobre instrumentos financeiros essenciais ao agronegócio e ao setor imobiliário, como as LCAs e os CRIs, “devem agravar problemas de financiamento no médio e longo prazo.”

Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio, foi mais enfático ao criticar o ministro. Segundo ele, Haddad está “mentindo para a população” ao dizer que apenas bancos e moradores de cobertura seriam afetados pela medida. Medina explica que instrumentos como LCI e LCA são fundamentais para o financiamento imobiliário e do agronegócio, e o aumento da tributação eleva o custo do crédito em toda a economia. “É uma cortina de fumaça. A verdade é que os moradores de cobertura não pagam a conta sozinho, eles repassam para seus clientes”, afirmou. Medina ainda ressaltou que o aumento de impostos gera um efeito cascata, encarecendo produtos e serviços consumidos por todos.

Continua após a publicidade

Jorge Ferreira dos Santos, economista e professor da ESPM, destacou que a tributação sobre investimentos, como o JCP (Juros sobre Capital Próprio), que subirá de 15% para 20%, pode comprometer a atratividade dos investimentos produtivos. “O governo tenta preservar o consumo das famílias e o crédito bancário, mas ao custo de desestimular a poupança e os investimentos de longo prazo. Isso afeta diretamente setores como o imobiliário e o agronegócio”, explicou Santos.

Caminho mais fácil 

Guilherme Almeida, head de Renda Fixa da Suno Research diz que o governo opta por caminho mais fácil, que é o aumento da receita via aumento de impostos . “O governo acaba perdendo mais uma oportunidades das diversas já perdidas de atacar problemas estruturais e melhorar a eficiência dos gastos públicos. É difícil discutir cortes porque 90% do orçamento é engessado está destinado a gastos obrigatórios , mas a eficiência pode ser discutida”.

A uniformização das alíquotas  de imposto para aplicações financeiras pode ser tecnicamente positiva  economicamente promovendo a isonomia tributária. Do ponto de vista financeiro, o desenho das medidas tira o estímulo a investimentos de longo prazo. “O investidor não tem o benefício que teria caso mantivesse o investimento com prazo mais prolongado”, diz, dizendo que isso também afeta a negociação de ações também.

Continua após a publicidade

Ao tributar títulos isentos ele também aponta que haverá o aumento no custo de captação, tornando o crédito mais caro para setores imobiliário e do agronegócio . O custo de emitir LCI vai se tornar mais alto o que pode prejudicar crédito para imóveis no médio prazo. No fim do dia o crédito imobiliário terá um impacto de majoração. O mesmo acontece com os produtos voltados ao financiamento do agronegócio como as LCA e CRA. “Impacto negativo do ponto de vista financeiro”.

 

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo Anual

O mercado não espera — e você também não pode!
Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.