Multinacional chega ao Brasil com tecnologia que promete salários mais justos
A falta de uma solução tecnológica específica para remuneração foi um dos fatores que atraíram a atenção da empresa para o mercado brasileiro

O salário é justo quando vai para o bolso certo na proporção correta. Sob essa premissa, trabalha o executivo indiano Sachin Bajaj, fundador da multinacional Compport, que desenvolveu um software de gerenciamento para remuneração de funcionários. Na prática, a tecnologia permite que a empresa defina os salários de uma maneira mais eficiente, levando em consideração fatores como, por exemplo, equidade de gênero e evite gastar em excesso com pessoas que não são prioritárias para a organização.
Sediada em Singapura, a empresa atua em 30 países, onde tem 1 milhão de usuários de 200 empresas e agora quer que seu software conquiste o mercado brasileiro. Por aqui a tecnologia da Compport passa a ser oferecida pela GTR3S Consultoria (G3).
A falta de uma solução tecnológica específica para remuneração foi um dos fatores que atraíram a atenção da empresa para o mercado brasileiro. Nos últimos anos, a Compport vem em um movimento de expansão. Ampliou a atuação para Índia, onde ganhou tração para ampliar o alcance no gigante mercado indiano e também chegar a mais países do Sudeste Asiático. No ano passado voltou-se para o Ocidente, e entrou no mercado dos Estados Unidos. “O Brasil tem um mercado promissor, e estamos animados para explorar essas oportunidades”, diz Bajaj.
O executivo diz que a cultura de experimentação, com organizações em crescimento, desenvolvendo suas estratégias, filosofias e modelos na área de compensação é semelhante ao que ocorre no Sudeste Asiático. “Existem muitas soluções de RH disponíveis no mercado brasileiro, mas, no que diz respeito a softwares de compensação, é muito pouco explorado”, diz.
Um ponto importante que faz com que o investimento em soluções de remuneração ganhe força no Brasil é a lei de equidade salarial, sancionada no ano passado pelo presidente Lula. A lei assegura a que homens e mulheres ganhem o mesmo salário ao desempenharem a mesma função, e define multa em caso de descumprimento. “Vejo um claro apetite das empresas para investir na área de remuneração, principalmente impulsionada pelas regulamentações governamentais”, diz.
A lei de equidade exige das empresas dados e análises, segundo explica Carlos Silva, sócio da GTR3S Consultoria (G3). “As empresas estão buscando mais informações. Acredito que a equidade salarial e a transparência na remuneração vão crescer muito nos próximos anos”, diz Silva. O executivo acredita que essa é uma das tendências das empresas na área de remuneração.
Embora, a tecnologia embarcada no software da Compport utilize alguns recursos da inteligência artificial, Sachin Bajaj, diz que o setor ainda está longe de viver um “milagre da IA”. Ele lembra que a eficiência da tecnologia vem do exame da análise de dados, usar tendências históricas e orientar o código de IA para construir uma base sólida.
“Se não houver inteligência humana para treinar as informações disponíveis no sistema, não existe um código de IA que, automaticamente, como uma varinha mágica, crie milagres para a organização”, diz.