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Mercado financeiro já estima bolsa acima dos 150 mil pontos em 2022

A bolsa de valores de São Paulo, a B3, registra momento de euforia com recordes nominais; no mercado financeiro, já se fala no patamar de 200 mil pontos

Por Felipe Mendes Atualizado em 15 jun 2021, 17h57 - Publicado em 15 jun 2021, 17h32

Depois de navegar por águas turbulentas em 2020 e no início deste ano, devido à incerteza causada pelo coronavírus, o investidor brasileiro finalmente encontrou a bonança. Com a economia mundial voltando aos trilhos e o cenário interno mais favorável por conta da taxa crescente de vacinação para Covid-19 e do novo ciclo das commodities, o mercado já projeta o Ibovespa, indicador de desempenho das ações negociadas na B3, por volta de 150.000 pontos ao fim de 2021, podendo chegar a até 200.000 pontos num cenário de 12 meses. Hoje, o índice gira em torno dos 130.000 pontos. Mas o que explica tamanho otimismo?

Nos últimos três meses, o Ibovespa avançou mais de 12% em moeda local e mais de 20% em dólares, com a recuperação de parte da queda do real frente ao dólar do último ano. Os bons sinais vêm de alguns fatores, como o ciclo favorável das commodities, a retomada da economia doméstica, o avanço da vacinação e o retorno do fluxo de capital estrangeiro na bolsa de valores. Esse último motivo, inclusive, merece destaque. Desde março, mais de 30 bilhões de reais entraram na bolsa brasileira – sem contar a participação dos estrangeiros em aberturas de capitais (IPOs, na sigla em inglês). Nos últimos dias, esse grupo, atento as oportunidades de mercado, ganhou uma importante sinalização de que o ânimo deve melhorar: o aporte de 500 milhões de dólares da Berkshire Hathaway, empresa do megainvestidor Warren Buffett, no Nubank foi visto como um voto de confiança no Brasil.

Para Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos, outros fatores que impulsionam o Ibovespa são o valor atrativo e a situação confortável das empresas listadas. “Apesar da alta recente, a bolsa brasileira continua barata, negociando a 10,8 vezes preço/lucro para 2021, abaixo da média histórica de 12,5 vezes”, disse ele, que ainda destaca o baixo patamar de alavancagem do endividamento entre as companhias abertas. “As empresas brasileiras estão em uma situação bastante confortável de endividamento. O nível médio do Ibovespa hoje se encontra em 1,5 vez a dívida líquida sobre o lucro operacional, bem abaixo do que esse indicador se encontrava há alguns anos. Isso possibilita que o aumento na geração de caixa seja distribuído via dividendos ou aumento de investimentos”. Na avaliação da XP Investimentos, o Ibovespa deve terminar o ano na faixa dos 145.000 pontos, podendo, num cenário positivo, chegar a 200.000 pontos, em 12 meses.

Pablo Spyer, diretor de operações da EQI Investimentos, acredita que o Ibovespa pode encerrar o ano com 150.000 pontos, o que seria um recorde histórico para o indicador, descontando-se a inflação, mas que 2022 traz novas incertezas no horizonte para os investidores, como a eleição presidencial. “As premissas de todo o mundo se voltaram para o Brasil. Essa entrada do Warren Buffett é um divisor de águas importante porque deve atrair novos investimentos estrangeiros para cá. Eu acho que devemos retomar as estimativas pré-pandêmicas, quando todos previam a bolsa acima dos 150.000 pontos”, conjectura. “No geral, as expectativas são boas. Há otimismo local e de fora do país, com reformas e vacinação andando. Isso está trazendo mais ânimo para os investidores.” O espaço para crescimento, portanto, existe, mas não há como descartar os riscos de uma terceira onda de contágio por Covid-19 no país, o que seria um banho d’água fria nos prognósticos do mercado financeiro.

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