Mercado espera inflação dentro do limite da meta pela 1ª vez desde 2020
As estimativas atuais indicam que o IPCA deve encerrar o ano em uma faixa entre 4,45% e 4,50%, dentro do intervalo de tolerância

A aguardada divulgação da inflação oficial do Brasil em 2023 está marcada para esta quinta-feira, 11. As estimativas atuais indicam que o IPCA deve encerrar o ano em uma faixa entre 4,45% e 4,50%, mantendo-se dentro do limite estabelecido para a meta inflacionária pela primeira vez desde 2020. O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu a meta em 3,25%, com uma margem de oscilação de 1,5%, permitindo valores entre 1,75% e 4,75%. Essa projeção contraria as expectativas pessimistas iniciais do ano, que previam uma inflação superior a 5%.
O Boletim Focus do início do ano passado projetava uma inflação fechada de 5,31%, reflexo do histórico inflacionário do país e das incertezas relacionadas à condução econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, a atmosfera de instabilidade inicial transformou-se à medida que o governo demonstrou comprometimento com o novo arcabouço fiscal, destacando a intenção de zerar o déficit em 2024 e implementar reformas, incluindo a tributária. Essas medidas transmitiram sinais de responsabilidade fiscal e estabilidade, dissipando preocupações e pavimentando o caminho para uma economia mais robusta.
Além de sinalizações mais positivas no lado político, o governo também contou com a sorte da supersafra agrícola, que desempenhou um papel importante na redução dos índices inflacionários dos alimentos. Além de beneficiar as exportações e influenciar positivamente a cotação do dólar, a maior oferta de grãos impactou diretamente o subgrupo de Alimentação no domicílio. A queda nos preços das carnes, que Lula incorporou em sua retórica política, foi, na verdade, uma ramificação da produtividade acima da média do agronegócio, que contribui para o controle inflacionário e também foi elencando como um dos principais fatores para o crescimento econômico, previsto para encerrar próximo de 3%.
A diminuição das taxas de juros, que começaram o ano em 13,75% e encerrará em 11,75%, também desempenhou uma função crucial no efetivo controle da escalada dos preços. Os juros, ao exercerem uma pressão sobre o poder de consumo, atuaram como um mecanismo de moderação para a economia, promovendo a desaceleração inflacionária. Adicionalmente, o comportamento positivo dos preços das commodities, como o petróleo, desempenhou um papel complementar na contenção inflacionária, contrabalançando os efeitos da reoneração dos combustíveis.