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Medidas repercutem mal e caminhoneiros já marcam nova greve

Dedéco, uma das lideranças dos autônomos, afirma que paralisação já está agendada para o dia 21 de maio, mas, se diesel aumentar, podem parar antes

Por Larissa Quintino, Clara Valdiviezo Atualizado em 16 abr 2019, 19h11 - Publicado em 16 abr 2019, 17h54

Caminhoneiros não ficaram satisfeitos com o pacote de medidas anunciadas nesta terça-feira, 16, pelo governo Bolsonaro para ajudar a categoria e já se articulam para fazer uma nova paralisação. Segundo o caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco, que foi considerado um dos líderes da greve de 2018, a paralisação já está marcada para o dia 21 de maio –quando fará um ano da greve do ano passado.

“Estamos trabalhando nos bastidores e vamos parar o Brasil no dia 21 de maio, se não parar antes. Nós exigimos respeito, dignidade, não só do governo como do Brasil. Ninguém valoriza essa classe, que só tem tomado na cabeça desde o governo Dilma”, disse o Dedéco.

Porém, segundo o caminhoneiro, caso o diesel aumente, os autônomos da categoria falam em cruzar os braços de quatro a cinco dias após a medida.

Dedéco disse que enviou um áudio com essas informações para o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após o pacote de medidas anunciado pelo governo federal nesta terça-feira, onde critica o plano. “Nada do que anunciaram nos ajuda. É um avanço conseguir dinheiro a baixo custo no BNDES? É. Mas hoje mais da metade dos caminhoneiros está com o nome no Serasa, porque não consegue pagar o caminhão.” 

O caminhoneiro alertou o ministro a já criar um gabinete de crise. “O senhor pode montar o gabinete de crise aí no Palácio do Planalto, porque a paralisação vai acontecer no dia 21, data marcada pelo nosso grupo. Foi o nosso grupo que começou a paralisação no ano passado. Nós não temos mais condição de sobreviver. Nós podemos até parar antes, principalmente quando vier o aumento da Petrobras”, afirmou o Dedéco.

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Em alguns grupos de WhatsApp, que já articulavam a greve, o plano foi visto como uma “cortina de fumaça”, forma de protelar uma possível paralisação.

Nesta terça, o governo liberou 500 milhões de reais para uma linha de crédito voltada aos caminhoneiros via BNDES. Cada um poderá pegar empréstimo de até 30.000 reais com bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e posteriormente privados para a manutenção de veículos  e compra de pneus. Além disso, também foi anunciada uma verba de 2 bilhões de reais para obras em estradas.

Há a expectativa de que ainda nesta terça a Petrobras anuncie se reajusta ou não o valor do diesel. Na quinta-feira, 11, a estatal anunciou que o combustível nas refinarias subiria 5,75%. A petroleira, no entanto, voltou atrás após uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro.

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“A gente não quer esse crédito aí, não. Eu hoje consigo ir no banco e tomar um empréstimo maior para financiar um caminhão. Pra que essa esmola? A gente precisa de condições para trabalhar, que a tabela do frete seja realmente cumprida”, indagou Dedéco.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) afirmou, em nota, que reconhece o esforço do governo e se mantém positiva com a postura aberta ao diálogo, mas cobra uma definição sobre o que chama de “o maior gargalo da categoria”. “São medidas importantes (as anunciadas nesta-terça), que beneficiam o caminhoneiro e o valoriza como profissional. Porém, ainda aguardamos uma resposta sobre nosso principal anseio, que é o cumprimento da Lei do Piso Mínimo de Frete”, afirma o presidente da entidade, Diumar Bueno.

Questionada sobre a possível greve marcada para o dia 21 de maio, a CNTA respondeu desconhecer essa possibilidade.

Uma outra liderança dos caminhoneiros, Wallace Landim, conhecido como “Chorão”, afirmou que o pacote divulgado pelo governo agrada em um primeiro momento, mas que é preciso olhar o todo antes de se pronunciar. Ele diz que os caminhoneiros esperam um preço justo e reivindicam seus direitos, em uma porta aberta criada pelo governo. “Não estamos pressionando, estamos dialogando, existe uma diferença.”

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