Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Malhação esperta: a estratégia que levou a Smart Fit a dobrar de tamanho em três anos

Rede ultrapassa 5 milhões de clientes e cresce ao ritmo de uma unidade por dia, consolidando a expansão na América Latina

Por Marcos Strecker
25 jul 2025, 06h00

Quando fundou a academia Bio Ritmo, no bairro paulistano de Santo Amaro, em 1996, Edgard Corona não podia imaginar que estava criando uma rede de projeção internacional. Com obsessão por resultados, remodelou o negócio treze anos depois, acrescentado uma nova marca, a Smart Fit, que virou o carro-chefe da companhia e pavimentou o caminho para a bem-sucedida abertura de capital, em 2021. Hoje, o Grupo Smart Fit domina o segmento no Brasil e está presente em praticamente toda a América Latina, além de Portugal e Marrocos. Também ocupa o primeiro lugar no México, na Colômbia e no Chile, e é considerado um dos três maiores do universo fitness no mundo.

arte smart fit

A expansão desse mercado ocorre no mundo todo, mas, no Brasil, poucos setores crescem de forma tão consistente. E a melhor maneira de traduzir essa alta é olhar os números do líder. Após alcançar receita anual de 5,6 bilhões de reais em 2024, o grupo deve abrir em média uma unidade por dia em 2025. No primeiro trimestre, chegou a 1 912 lojas, número 28% superior ao de um ano antes. Já ultrapassou 5,6 milhões de clientes, alta de 17% em doze meses.

A expansão reflete em parte a transformação nos hábitos do consumidor, cada vez mais adepto de uma vida saudável. E o grupo se adaptou. Enquanto a Bio Ritmo nasceu destinada a um público com maior poder aquisitivo, a Smart Fit foi moldada no modelo high value, low price, com tíquetes baixos. Em seguida, foram incorporadas novas marcas, apostando em nichos em que as modalidades são praticadas principalmente por meio de franquias: spinning (Velocity), ioga (Vidya), pilates (One Pilates), treino de alta intensidade (Race Bootcamp), boxe (Jab House) e musculação (Tonus Gym).

Boa forma: as novas gerações são mais focadas em manter uma vida saudável
Boa forma: as novas gerações são mais focadas em manter uma vida saudável (@smartfit/Instagram)

Para Corona, houve uma ênfase na musculação, superando os exercícios cardiovasculares. Há também o fator geracional. A geração Z bebe menos e é mais focada em vida saudável. E as pessoas que começaram a fazer exercícios nos anos 1990 hoje frequentam academias, o que não ocorria antes. Por fim, há um novo frisson no meio: a onda das substâncias emagrecedoras, como o Ozempic, estimulando ainda mais a busca de um corpo definido.

Continua após a publicidade

arte smart fit

Isso provoca um grande interesse, inclusive dos empreendedores. “Todo mundo agora quer abrir uma academia”, diz. Mas ele evita a euforia e segue um plano de expansão rigoroso, que é acompanhado com lupa pelos investidores. “Crescemos na velocidade necessária, com disciplina de caixa. Nosso modelo está ajustado em termos de estrutura, desenho e custo. Não passamos de 1,7 vez o coeficiente dívida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).” A abertura de capital foi um sucesso, mesmo ocorrendo durante a pandemia (o grupo tem como acionistas controladores a família Corona e o fundo Patria, e a participação do fundo de pensão canadense CPPIB). A volta à normalidade depois da crise sanitária aqueceu toda a economia e serviu de novo estímulo para o grupo, que nos últimos três anos expandiu em 74% o número de unidades e em 73% o de clientes.

A estratégia de crescimento levou ao investimento no TotalPass, plataforma para benefícios corporativos e acesso a academias, com o objetivo de concorrer com a Wellhub (ex-Gympass). A acirrada disputa entre os dois aplicativos B2B foi parar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que em março passado tomou uma decisão a favor da TotalPass e contra os contratos de exclusividade da Wellhub. Para Corona, o TotalPass foi uma contribuição importante para o mercado. “Evitou o risco de o país ficar com um agregador só, sem concorrência. Quando criamos a plataforma, os preços para as academias, como um todo, melhoraram. A gente tem na nossa base hoje 24 000 academias nesse produto. Pagamos melhor do que o concorrente”, afirma.

Clientes da Velocity: parte da estratégia é ter atividades para nichos
Clientes da Velocity: parte da estratégia é ter atividades para nichos (@studio_velocity/Instagram)
Continua após a publicidade

Os grandes rivais também comemoram bons números, mas estão longe do líder. A Bluefit, que também adota o modelo low cost e chegou a avaliar a entrada na B3, acabou tendo seu controle adquirido pelo fundo árabe Mubadala, em 2023. Alcançou nos primeiros três meses do ano 178 unidades. O número atual de clientes (535 000) é 58% superior em relação ao mesmo período de 2024. No país, calcula-se que o mercado gire 12 bilhões de reais por ano. No mundo, a projeção é que o segmento em 2024 tenha ultrapassado 101 bilhões de dólares e cresça 9,3% até 2028, segundo a empresa especializada em mercados globais Research and Markets.

Bio Ritmo: a marca, voltada para o público com maior poder aquisitivo, foi a origem do grupo
Bio Ritmo: a marca, voltada para o público com maior poder aquisitivo, foi a origem do grupo (@bioritmo/Instagram)

Por tudo isso, a ambição do grupo Smart Fit, que vai fazer trinta anos em 2026, não parece desmedida, segundo especialistas. “A gente vê no Brasil muito problema em empresas do varejo com franquias para serem replicadas ou mesmo crescerem no país inteiro”, diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Mas, para ele, as empresas de serviço têm ido bem, citando a Espaçolaser, a Localiza e a própria Smart Fit. “Elas estão conseguindo crescer mesmo no momento atual, com taxa de juros elevada. Muitas revisaram o guidance para baixo, mas a Smart Fit fez o contrário. Revisou o número de abertura de lojas para cima. Para o investidor, é o melhor dos mundos.” O analista considera que ainda há espaço para crescer. “O Brasil é gigantesco e a posição do grupo na América Latina é muito boa. A satisfação dos clientes da Smart Fit costuma ser melhor até nos outros países do que no Brasil.”

arte smart fit

Continua após a publicidade

A aposta no modelo de preços mais acessíveis, adotada por Corona desde a criação da Smart Fit, vai permanecer, segundo Cruz. É um modelo adequado a um país em que quase 90% da população ganha menos de 3 500 reais por mês. Outros focam em luxo e precisam mirar em grandes centros urbanos, enquanto a Smart Fit já consegue ir para regiões menores. Para ele, essa é uma das explicações para a empresa se consolidar no primeiro lugar. “Não é que é líder, ela está bem distante do segundo e do terceiro colocado. Você percebe isso quando vê os concorrentes procurando replicar o modelo.”

“É uma febre”

Fundador e CEO do grupo Smart Fit, Edgard Corona diz que existe hoje um fenômeno fitness, que pode ser acompanhado pelo aumento do interesse nas redes sociais e nas feiras. Para ele, é possível dobrar o número de clientes

ping—EDGARD-CORONA-c.jpeg
Corona: “Neste ano, vamos abrir umas 360 lojas, basicamente uma por dia” (./Divulgação)

Por que cresce o interesse no mercado fitness? Até dois anos atrás, não havia tanto entusiasmo. Mas a geração Z bebe menos, é focada em vida saudável. Outro fenômeno são as feiras fitness e de fisiculturismo. Basta entrar no Instagram e no TikTok para acompanhar a febre. E está havendo uma explosão no consumo de medicamentos como Ozempic e Mounjaro. A estimativa é que nos EUA por volta de 10% dos americanos já estejam usando.

Continua após a publicidade

Até quanto dá para crescer? Neste ano, abriremos entre 340 e 360 unidades. Basicamente uma por dia. No Brasil, serão umas 120. Há espaço ainda para umas 1 800 lojas nos países em que atuamos. Ou seja, dá para dobrar de tamanho, com até mais 5 milhões de clientes.

O investimento foi recorde em 2024, chegando a 1,8 bilhão de reais. A prioridade é a modernização ou a expansão? O grosso é para a abertura de lojas. Depende do país e da região, porque começa a existir também um efeito do câmbio nos negócios. Se eu tivesse que fazer investimento hoje no México, ia ser muito mais doído, assim como na Colômbia. Tivemos sorte, entramos na hora certa.

Publicado em VEJA, julho de 2025, edição VEJA Negócios nº 16

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

MELHOR OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 16,90/mês
Apenas R$ 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.

abrir rewarded popup