A Petrobras sempre viveu sujeita a manipulações e ao “jeitinho” dos governantes — quando não à rapinagem pura e simples. Com Dilma Rousseff, esteve perto de ir à lona, depois de ser obrigada a vender gasolina abaixo do preço de custo. Na sequência, vieram as revelações do petrolão. Mal se livrou do escândalo, a estatal está de novo no centro de uma crise que abala o país.
A Petrobras e os seus seguidos reajustes no preço dos combustíveis (necessários, em parte, para reverter a sangria financeira do passado) viraram alvo do descontentamento dos brasileiros com relação ao governo. A greve dos caminhoneiros, a despeito do caos que causou, contou com o apoio da maior parte da população. Existe a sensação, entre os eleitores, de que a empresa e o Planalto estão socializando uma conta que deveria ser quitada pelos corruptos.
A crise eclodiu no momento em que a Petrobras havia reassumido o posto de empresa brasileira mais valiosa na bolsa. Sob o comando do respeitado executivo Pedro Parente, ela reverteu prejuízos, cortou dívidas, bateu recordes de produção e vinha sendo recompensada com uma forte alta de suas ações. No entanto, de uma hora para outra, a maré virou novamente. O governo cedeu às pressões e anunciou a redução no preço do diesel, fazendo ruir o discurso de que a empresa teria a autonomia preservada. Em questão de dias, as ações perderam quase um terço de seu valor.
No embate entre a visão liberal de Parente e as demandas dos caminhoneiros, o governo encontrou uma solução (ou melhor, mais um jeitinho) para preservar a autonomia da Petrobras e, ao mesmo tempo, reduzir o valor do diesel. O preço deverá cair ao menos 46 centavos na bomba e, até o fim do governo Temer, não subirá muito mais que isso. A redução será bancada pelo alívio nos impostos e também subsidiada pelo Tesouro (leia-se “contribuinte”).
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