Lula espera que o Banco Central de Galípolo “corrija” os juros altos assim que possível
Sem poder criticar Gabriel Galípolo, indicado por Lula para comandar o BC, presidente alfineta Bolsonaro e Campos Neto por juros altos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 30, que gostaria que a taxa básica de juros, a Selic, “fosse zero”, mas acrescentou que o Banco Central é “independente” e acrescentou que confia no trabalho de Gabriel Galípolo como presidente da instituição. Indicado por Lula para presidir o BC, Galípolo assumiu o posto em janeiro, no lugar de Roberto Campos Neto, alvo constante da artilharia petista por manter a Selic acima de 10% ao ano de janeiro de 2023, quando Lula assumiu seu terceiro mandato, até dezembro, quando Campos Neto deixou o BC com uma Selic de 12,25%.
Desde que Galípolo foi empossado, contudo, o Comitê de Política Monetária (Copom), composto pela diretoria do BC, prosseguiu com as altas da Selic, elevando-a até os atuais 15%. “Eu gostaria que a taxa fosse zero, mas isso não depende da nossa política econômica”, afirmou Lula, durante o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar para o ciclo de 2025 a 2026. “O BC é independente e o Galípolo é muito sério. Acho que as coisas vão ser corrigidas com o tempo”, acrescentou Lula.
Sem poder criticar abertamente seu indicado, Lula fez alusão ao legado do governo Bolsonaro para justificar o cenário de juros altos. “Sei o que nós herdamos, mas não queremos ficar chorando.” Falando para um público composto majoritariamente por ministros e representantes dos pequenos produtores rurais, o presidente tentou mostrar que, apesar da Selic elevada, o agronegócio conta com taxas de financiamento bem menores. “O juro real (descontado a inflação) fica menos que zero em algumas linhas”, disse. “Isso está permeando toda a agricultura familiar.”
Mecanização e transição agroecológica
O presidente também afirmou que é importante que as empresas desenvolvam maquinários destinados a propriedades de menor porte. Dessa forma, será possível acelerar a produtividade na agricultura familiar. Das linhas anunciadas nesta segunda-feira, há recursos destinados à mecanização de propriedades e transição para a agroecologia.
Na agricultura familiar, 5 milhões de produtores têm uma área cultivada de no máximo 100 hectares e, para metade disso, não chega a 10 hectares.
“Esse agricultor precisa de uma máquina do tamanho da terra dele para colher, capinar. Quando ele tem essa máquina, aumenta a produtividade e ajuda a melhorar o conjunto da sociedade”, defendeu o presidente.
O Plano Safra para a Agricultura Familiar 2025/2026 contará, ao todo, com 89 bilhões de reais destinados à produção agrícola, modernização e apoio à agroecologia. Essa cifra representa um aumento de 3,85%, renovando o recorde para o setor.
Apesar da elevação da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, foram mantidas as taxas de juros de 3% ao ano para o custeio de agricultores familiares e de 2% para a produção de alimentos orgânicos e da sociobiodiversidade. Para as demais linhas, as taxas vão variar de 0,5% a 8% ao ano, ante até 6% ao ano do ciclo anterior (2024/2025).
Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do programa VEJA Mercado:







