IPCA fecha 2024 em 4,83% e estoura o teto da meta de inflação
Em dezembro, o índice registrou alta de 0,52%, em linha com a estimativa do mercado financeiro

A inflação acelerou para 0,52% em dezembro, uma alta de 0,13 ponto percentual em relação ao 0,39% de novembro. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira, 10. Com o resultado, o IPCA fecha 2024 em alta de 4,83%, acima do teto da meta.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de dezembro foi puxada pelo grupo de alimentos e bebidas, que subiu 1,18%, no quarto mês consecutivo de encarecimento da categoria. O avanço foi seguido pelo grupo de vestuário, que avançou 1,14%, após o recuar 0,12% em novembro, e o de transportes, com alta de 0,67% no mês. Com exceção do grupo habitação, que caiu 0,56%, todos os outros grupos de produtos e serviços tiveram alta em dezembro.
Em 2024, o Banco Central perseguia a meta de conduzir o IPCA a 3% no acumulado entre janeiro e dezembro, com tolerância de 1,5 ponto para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%). Com o descumprimento do alvo, o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, deve divulgar uma carta justificando o estouro. A partir de 2025, passa a valer o modelo de meta contínua, em que a autoridade monetária considera a variação do IPCA mês a mês, e deve se justificar caso descumpra a meta (ainda de 3%) por seis meses consecutivos.
A desancoragem da inflação é um dos principal motivos para o ciclo de alta nos juros. Na última reunião, em dezembro, o Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e indicou mais duas altas da mesma magnitude nas próximas reuniões.
Resultado
A alimentação no domicílio subiu 1,17% em dezembro, influenciada sobretudo pela alta no preço das carnes (5,26%), do óleo de soja (5,12%) e do café moído (4,99%). Entre as quedas, os destaques foram o limão (-29,82%), a batata-inglesa (-18,69%) e o leite longa vida (-2,53%). Já a alimentação fora do domicílio acelerou para 1,19% em dezembro, ante um avanço de 0,88% em novembro.
O grupo de transportes foi influenciado pelo aumento nos preços do transporte por aplicativo, em alta de 20,70% em dezembro, e das passagens aéreas, que subiram 4,54%. Os combustíveis aumentaram 0,70%.
O grupo habitação registrou queda de 0,56% em dezembro, puxado pelo recuo de 3,19% na energia elétrica residencial. O resultado foi influenciado pelo retorno da bandeira tarifária verde, sem cobrança adicional nas contas. Em novembro, estava em vigor a bandeira tarifária amarela, que acrescentava 1,885 real a cada 100 kWh consumidos.
Regiões
Em dezembro maior variação regional foi em Salvador, que registrou aumento de 0,89% nos preços. O resultado foi puxado pela alta das carnes (7,31%) e da gasolina (4,04%). Já a menor variação ocorreu em Belo Horizonte (0,25%), beneficiada pelo recuo de 2,41% da energia elétrica residencial.