A inflação fez com que 58% dos brasileiros diminuíssem a quantidade de alimentos que costumam comprar, segundo pesquisa do Datafolha divulgada no domingo 13. Entre a população de menor renda, o percentual chega a 67%.

O levantamento mostra que oito em cada dez brasileiros adotaram algum tipo de mudança de hábito para lidar com a alta dos preços. Entre as respostas mais comuns estão sair menos para comer fora (61%), trocar a marca do café por uma mais barata (50%) e reduzir o consumo da bebida (49%).

A pesquisa foi feita entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 pessoas com 16 anos ou mais, em 172 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Além dos ajustes nos hábitos de consumo de alimentos, a estratégia mais citada para conter gastos foi a redução no uso de água, luz e gás, apontada por metade dos entrevistados. Em seguida, 47% disseram ter buscado outra fonte de renda. Um terço cortou a compra de medicamentos (36%), 32% deixaram de pagar dívidas e 26% deixaram de quitar contas domésticas.

Para 54% dos brasileiros, o governo Lula tem muita responsabilidade pela alta recente dos preços dos alimentos. Outros 29% veem alguma responsabilidade da gestão atual, e 14% não atribuem nenhuma culpa ao Planalto.

Mesmo entre os que afirmam votar em Lula, 72% consideram que o governo tem muita ou alguma responsabilidade sobre o aumento dos preços.

O instituto também perguntou sobre outros fatores apontados como causas da inflação. Os entrevistados podiam atribuir responsabilidade ao governo federal, à crise climática, às guerras, à situação econômica nos Estados Unidos e aos produtores rurais.

Em todos os grupos sociais, a maioria considera que o governo tem grande responsabilidade. A principal diferença está entre os mais pobres: para quem tem renda familiar de até dois salários mínimos, os produtores rurais têm peso semelhante ao do governo. Nesse grupo, 55% culpam o Planalto, e 54% responsabilizam o setor agropecuário. Entre quem recebe mais de dez salários mínimos, o número cai para 41%.

Pessoas de renda mais alta também são as que menos responsabilizam as guerras (40%) e a crise nos Estados Unidos (36%) pela alta dos preços – índices inferiores aos observados nos demais segmentos, que variam entre 39% e 48%.

Ainda segundo o Datafolha, a parcela da população que acredita que a economia do país piorou nos últimos meses subiu 10 pontos percentuais desde dezembro e agora representa 55% dos entrevistados – é a primeira vez no atual mandato de Lula que essa percepção ultrapassa a metade da população.

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