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Indiano, que já foi o 2º mais rico, amarga perda de US$ 75 bi na fortuna

Papéis das empresas de Gautam Adani derreteram US$ 108 bilhões em uma semana após a empresa Hindenburg Research apontar fraudes fiscais nos negócios dele

Por Larissa Quintino Atualizado em 2 fev 2023, 19h52 - Publicado em 2 fev 2023, 12h54

Um escândalo de fraude contábil em um dos maiores conglomerados de empresas da Índia tem feito um império se dissolver. As empresas do bilionário indiano Gautam Adani perderam 108 bilhões de dólares em uma semana. Com o derretimento, o empresário que chegou a ser o segundo homem mais rico do mundo em 2022, viu sua fortuna derreter de 147 bilhões de dólares em setembro de 2022 para 72 bilhões de dólares nesta terça-feira, 2, segundo dados da Bloomberg.

Com a queda, ele ocupa a 13ª posição no ranking das pessoas mais ricas do mundo. Para efeito de comparação, sua fortuna equivalia a 9,1% do PIB do Brasil em setembro, e agora equivale a 4,4%. Em 2022, Adani foi a pessoa que mais enriqueceu no mundo, chegando ao top 2 no ranking dos bilionários amarga derretimento de sua fortuna após um relatório da Hindenburg Research, empresa de investimentos conhecida por suas posições vendidas, acusar o Grupo Adani de manipulação “descarada” do mercado e fraude contábil.

Segundo a Hindenburg Research, o grupo formado por sete empresas que vão de operações portuárias na Índia a minas de carvão na Austrália, desenvolveu um “sistema de fraude na contabilidade durante décadas”, manipulando os lucros “para manter a aparência de boa saúde financeira e de solvência” de todas as suas filiais de capital aberto listadas em bolsa. A empresa de investimentos alega que uma rede de entidades offshore controladas pela família Adani em paraísos fiscais foi usada para facilitar a corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

O conglomerado negou repetidamente as acusações, chamou o relatório de “falso” e ameaçou processar a empresa. “Os fundamentos da nossa empresa são fortes. Nosso balanço é saudável e os ativos, robustos. Assim que o mercado se estabilizar, revisaremos nossa estratégia de mercado de capitais”, disse Adani em vídeo na quinta-feira. As perdas arrastaram junto o mercado acionário indiano. O índice MSCI India, que inclui oito ações do grupo, caiu cerca de 9% em relação ao pico de dezembro, aproximando-se de uma correção técnica. Oito das 10 ações com pior desempenho no índice MSCI Asia Pacific neste ano são de empresas vinculadas ao grupo Adani.

A turbulência gerada pelo escândalo de Adani se tornou uma questão nacional na Índia. Parlamentares exigem respostas  do primeiro-ministro Narendra Modi, próximo do empresário. Entre os negócios estão portos e ativos de energia, com os planos de crescimento do país.

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A grande preocupação que paira sobre o conglomerado é a possibilidade de credores e outras contrapartes começarem a reduzir sua exposição, enquanto temores de contágio se espalham para outros segmentos dos mercados. A ação da Adani Enterprises, carro-chefe do grupo, afundou 27% na quinta-feira, ampliando a queda de 28% da sessão anterior.

Em um sinal que mensura o risco, unidades do Credit Suisse e do Citigroup pararam de aceitar alguns títulos emitidos pelas empresas de Adani como garantia para empréstimos de margem a clientes de alta renda. O banco central da Índia pediu detalhes da exposição de bancos ao conglomerado endividado.

“É preciso estar muito atento, e investidores devem ser aconselhados a não mexer nas ações Adani até que haja clareza sobre o caminho a seguir”, disse Alok Churiwala, diretor-gerente da Churiwala Securities. “As ações podem recuperar algumas das perdas, mas voltar aos níveis anteriores será difícil, porque serão ainda mais alvo de escrutínio.”

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