Imprimir dinheiro não é saída para a crise, diz presidente do BC
Roberto Campos Neto reage à declaração de ex-ocupante da pasta e defende o cumprimento de contratos para que a retomada da economia seja menos sofrida
A ideia de imprimir dinheiro para conter a crise do coronavírus no Brasil foi defendida nesta semana por alguns economistas. Entretanto, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 9, que, no momento, imprimir dinheiro não é uma saída para a crise provocada pela Covid-19. “O argumento de imprimir dinheiro porque a inflação está relativamente baixa é perigoso. Temos um sistema de meta de inflação que tem assimetrias. Se você imaginar que, quando está embaixo, você vai imprimir dinheiro para atingir a meta, você vai fazer com que o seu equilíbrio de juros neutros seja um pouco mais alto”, afirmou.
“Eu acho que a saída não é por aí. É uma ideia, estamos sempre dispostos às ideias, mas hoje nós não entendemos que é a melhor saída não”, completou Campos Neto. Entre os que sugeriram essa medida, está o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o atual secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo, que afirmou que uma das possibilidades para recompor a economia seria a expansão monetária. Segundo o secretário, essa medida não elevaria a inflação pois “a economia está fraca”.
Campos Neto voltou a fazer um apelo para que contratos não sejam descumpridos durante a crise causada pelo coronavírus, frisando que isso será determinante para uma recuperação com mais força da economia à frente. O presidente, entretanto, afirmou que isso não quer dizer que as partes não possam renegociar, desde que assim entendam. Mas frisou que, se governos permitirem a quebra de contratos e se grandes empresas forem por esse caminho, a recuperação da economia será “muito mais lenta e muito mais sofrida”.
Campos Neto também disse que o governo deve anunciar em breve um programa focado nas empresas pequenas. Ele disse que não está participando das discussões, mas que o Banco Central enviou ao Ministério da Economia uma proposta de distribuir crédito para empresas de pequeno porte por meio das maquininhas de cartão. O presidente também citou um projeto que usa o banco da dados da Receita Federal para chegar na ponta. Segundo ele, o ministério está analisando as propostas.