O iFood desembolsou cerca de 1 bilhão de reais em tributos à Receita Federal após uma decisão judicial favorável ao governo, que considerou indevido o uso de benefícios fiscais do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) pela empresa desde 2023.
Criado em 2021, o Perse foi desenvolvido como uma medida emergencial para apoiar empresas fortemente impactadas pelas restrições impostas durante a pandemia de Covid-19. O programa permitia redução ou isenção de tributos federais, como IRPJ e PIS/Cofins, para companhias que se enquadrassem em determinados critérios. Com o avanço da retomada econômica, o governo redefiniu as atividades que poderiam continuar sendo beneficiadas, e, em 2023, o tribunal entendeu que, a partir de maio daquele ano, o iFood já não atendia mais aos requisitos para permanecer no programa.
A decisão judicial apontou que o aplicativo de delivery continuou usufruindo do benefício mesmo após as mudanças nas regras de elegibilidade, o que resultou na sua exclusão. Segundo a Receita Federal, o prejuízo para os cofres públicos foi expressivo, uma vez que os valores que o iFood deixou de recolher ultrapassavam 900 milhões de reais.
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Durante a pandemia, o iFood viu suas receitas crescerem de forma acelerada, impulsionadas pelo aumento da demanda por serviços de entrega em um período em que grande parte da população permaneceu em casa. Esse desempenho acabou reforçando a tese de que a empresa não fazia parte dos setores originalmente contemplados pelo Perse, criado para proteger negócios vulneráveis e fortemente afetados pela crise sanitária.
Em nota à imprensa, o iFood afirmou que os valores já estavam provisionados em seu balanço e que o pagamento não gerou impacto operacional relevante. A companhia acrescentou ainda que interrompeu o uso do benefício assim que o tribunal determinou sua exclusão e destacou que todas as suas obrigações fiscais junto à Receita Federal estão em dia.