Ibovespa opera em queda e dólar ganhar força, vendido a R$ 5,48
Ibovespa opera sem força com mercado cauteloso com alta da Selic e a moeda americana se valoriza diante temores com corte dos juros nos EUA
Após recuar para R$ 5,43 com o anúncio do corte na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed), o dólar, que aparentava iniciar uma tendência de queda, voltou a subir nesta sexta-feira. Por volta das 12h15, a moeda americana registrava alta de mais de 1%, cotada a R$ 5,49.
Esse movimento reflete as incertezas do mercado quanto ao ritmo dos cortes de juros nos Estados Unidos. O corte de 0,50 ponto percentual, considerado agressivo, levantou preocupações sobre possíveis sinais de fragilidade na economia americana. Muitos economistas acreditam que o Fed pode ter demorado para iniciar esse ciclo de afrouxamento monetário, após um período prolongado de juros elevados. Além disso, o banco central dos EUA foi um dos últimos entre as principais economias globais a realizar tal corte, o que amplia as dúvidas sobre a trajetória futura da política monetária.
Com esse cenário, a valorização do dólar nesta sexta-feira contraria as expectativas iniciais. O aumento da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), em contraste com o corte dos juros americanos, deveria teoricamente ampliar o diferencial entre as taxas, tornando o Brasil mais atrativo para o capital estrangeiro, o que fortaleceria o real frente ao dólar. No entanto, a conjuntura doméstica também não favorece a moeda brasileira. A elevação da Selic, embora possa conter a inflação, levanta preocupações sobre o impacto negativo na economia brasileira, enquanto questões fiscais permanecem em foco. O mercado ainda demonstra ceticismo em relação à capacidade do governo de cumprir a meta de zerar o déficit fiscal, o que mantém a incerteza elevada.
Esse conjunto de fatores ajuda a explicar a queda do Ibovespa, principal índice da B3, que opera em baixa nesta sexta-feira, marcando 132 mil pontos. Este é o terceiro recuo consecutivo do índice, colocando-o no caminho para encerrar a semana com desvalorização.
O que pode influenciar a direção do Ibovespa ou até aprofundar as perdas é a divulgação do 4º Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do governo brasileiro. O documento será decisivo para que o mercado avalie a situação fiscal do país e se o governo será capaz de alcançar a ambiciosa meta de zerar o déficit em 2024.
O BTG Pactual projeta uma arrecadação de R$ 206,1 bilhões, um crescimento real de 14,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que o relatório será fundamental para consolidar de forma definitiva as expectativas em torno do cumprimento da meta fiscal.