Ibovespa não engata e dólar atinge maior valor do governo Lula
A manutenção da taxa de juros trouxe alívio momentâneo, mas a incerteza econômica continua pressionando o índice e o câmbio

O dólar, que estava em trajetória de queda, inverteu sua tendência após críticas do presidente Lula à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar de ter começado o dia em baixa acentuada, a moeda americana fechou a sessão com uma alta de 0,35%, cotada a R$ 5,46, alcançando seu maior valor nominal desde o início do governo Lula. O valor só não supera a cotação de 22 de julho de 2022, quando a moeda foi negociada em R$ 5,49.
Mais cedo, a moeda havia atingido R$ 5,385, impulsionada pelo otimismo com a decisão unânime do Copom de manter a Selic em 10,50% ao ano. No entanto, as críticas do presidente e uma deterioração no ambiente externo fizeram o dólar subir. Com o valor de fechamento desta quinta-feira, a moeda americana registrou seu maior patamar nominal em quase dois anos.
O Banco Central enviou um recado claro ao mercado: as pressões externas não influenciarão os cortes de juros. A decisão do Copom de manter a taxa de juros em 10,50% era amplamente esperada pelos analistas, mas a unanimidade na decisão trouxe um certo alívio para alguns vencimentos de juros futuros. Entretanto, a incerteza sobre a futura política monetária, especialmente após a renovação do contrato de diretorias no BC, continua a preocupar o mercado.
Na abertura, o mercado de ações apresentou alta generalizada, com quase todos os papéis registrando valorização. Contudo, essa euforia inicial foi rapidamente substituída pela realidade do mercado. A incerteza econômica fez com que o índice Ibovespa, que chegou a subir mais de 1%, perdesse força ao longo do dia, resultando em um cenário misto de altas e quedas.
Entre as maiores altas do dia, destacaram-se os papéis de PetroReconcavo, Usiminas e São Martinho. Essa última foi impulsionada por dados positivos recentemente divulgados, que animaram os investidores. A Petrobras também registrou alta, acompanhando o aumento do preço do petróleo no mercado internacional.
No campo negativo, ações como Azul, MRV e Carrefour continuaram a cair. “O dólar alto prejudica companhias aéreas, e com isso vemos a Azul sofrendo hoje. E setores de varejo, consumo e construtoras também sofrem, afinal, juros altos por mais tempo prejudicam empresas desses setores”, avalia Anderson Silva, sócio do GT Capital.
A saída de dólares do Brasil continua intensa, refletindo na cotação da moeda americana e no volume de negociação do mercado brasileiro, que tem diminuído significativamente ao longo do ano. Investidores estrangeiros estão direcionando seus recursos para outros países emergentes, que apresentam melhores perspectivas econômicas em comparação ao Brasil.