Ibovespa inverte trajetória e encerra semana no vermelho
Índice recua pressionado por cenário fiscal em dia de alta das commodities

O Ibovespa encerrou a semana em baixa, aos 130 mil pontos, após uma série de quedas diárias, com exceção de uma leve recuperação na quinta-feira. Apesar de operar no positivo durante parte da sessão desta sexta, o índice inverteu a trajetória e fechou em queda. O setor de commodities, contudo, trouxe certo fôlego ao índice, sustentado por resultados corporativos robustos e avanços nos preços internacionais de matérias-primas. Ao mesmo tempo, o dólar, fortalecido pela busca por segurança e pela incerteza fiscal no Brasil, encerrou o pregão vendido a R$ 5,71.
Dentre os destaques positivos da semana, empresas como Vale e Usiminas reportaram balanços trimestrais sólidos. A Vale, por exemplo, divulgou um lucro líquido de US$ 2,412 bilhões no terceiro trimestre e anunciou um acordo de reparação do desastre de Mariana. A resolução desse impasse de longa data foi recebida positivamente pelos investidores, contribuindo para um ganho de R$ 10 bilhões em valor de mercado da mineradora e elevando a capitalização da empresa a R$ 281,6 bilhões.
No exterior, o preço do minério de ferro subiu 2,81% na bolsa de Dalian, impulsionando as ações de mineradoras, enquanto o petróleo também registrou ganhos, beneficiando a Petrobras. A cautela, entretanto, permanece forte entre os investidores, refletindo a crescente valorização do dólar. Em um cenário de incertezas, o mercado aguarda detalhes das medidas de corte de gastos prometidas pelo governo brasileiro, mas a demora em ações concretas para o equilíbrio fiscal limita um otimismo mais amplo.
O dólar, em alta constante, reflete tanto as preocupações internas quanto as incertezas no cenário global. Internamente, a expectativa por cortes de gastos e ajustes fiscais por parte do governo ainda não se concretizou, gerando ceticismo no mercado. Segundo Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, “a alta do Ibovespa é impulsionada pelos bons resultados das empresas e pelo aumento nos preços das commodities, mas a cautela nos mercados impede um tom mais otimista”.
A elevação do dólar também pressiona a curva de juros, com o mercado precificando um possível aumento de 75 pontos-base na taxa Selic na próxima reunião do Copom, caso o cenário fiscal permaneça desafiador. Dados recentes como o IPCA-15, considerado a prévia da inflação, aumentam a percepção de que o Banco Central terá um trabalho árduo para manter os juros sob controle.
No plano externo, a busca por segurança reforça a valorização do dólar, diante de um cenário de cautela em relação à economia global. A eleição nos Estados Unidos, que traz incertezas sobre a direção da política monetária, assim como os desafios da economia chinesa, reforçam a volatilidade. Este contexto cria uma postura mais defensiva, levando os investidores a se protegerem no dólar.